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Após publicar foto de manifestante antigoverno nu, Liao Yiwu foi banido da rede | Amrei-Marie/Creative Commons
Após publicar foto de manifestante antigoverno nu, Liao Yiwu foi banido da rede| Foto: Amrei-Marie/Creative Commons

Oportunidade

Zuckerberg tenta valorizar a empresa diante dos chineses

A China oferece a maior oportunidade de crescimento único para o Facebook, que acumula 1,38 bilhão de usuários mensais, mas tem sido bloqueado no país há anos. Essa proibição impulsionou plataformas sociais domésticas, enquanto a empresa norte-americana é marginalizada.

O executivo-chefe do Facebook, Mark Zuckerberg, foi flagrado com o que parecia ser uma cópia dos escritos do presidente chinês, Xi Jinping, durante uma recente visita do principal regulador de Internet do país, Lu Wei, à sede da empresa. Segundo a mídia chinesa, Zuckerberg disse que ele queria que seus colegas entendessem o "socialismo com características chinesas", o que provocou fortes críticas de dissidentes nacionais.

Alguns dos esforços de Zuckerberg para valorizar a empresa diante do público chinês já renderam elogios na China, por exemplo, quando ele fez uma sessão de perguntas e respostas em mandarim. No entanto, as autoridades chinesas têm sido vagas sobre as chances do Facebook entrar no país. Lu afirmou em outubro: "Eu não digo que não poderia entrar na China, nem digo que poderia entrar na China."

  • Ativista tibetana Tsering Woeser denunciou censura do Facebook em seu Twitter
  • Mesmo com intervenção, rede social deletou foto de protesto

O Facebook tem sido observado de perto, há bastante tempo, para se verificar como a plataforma aplica políticas de censura a imagens violentas e materiais potencialmente ofensivos. Essa análise está se concentrando agora no conteúdo relacionado à China, uma vez que os líderes da rede social continuam a mostrar interesse em entrar neste mercado asiático.

O escritor chinês Liao Yiwu disse que publicou duas fotos de protesto que traziam um amigo artista nu em Estocolmo, na Suécia, mas as imagens foram excluídas pelo Facebook nesta semana. O artista em questão, Meng Huang, se manifestava contra a contínua prisão do ganhador do Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo, além de outras questões, contou Liao, que vive em Berlim.

Liao definiu o protesto de Meng como uma forma de arte e disse que o Facebook deve ser capaz de distinguir entre a expressão artística e exibições vulgares. Para contornar as limitações da rede social sobre nudez, Liao afirmou que alterou as duas imagens do artista nu, cobrindo as partes íntimas de Meng com imagens de Mao Tsé-Tung.

"Porque é [uma imagem de] Mao Tsé-tung trata-se do símbolo real da violência e da obscenidade", disse Liao, rindo. "Parece que eu voltei para a China e tenho de participar de jogos de gato e rato com os censores da internet novamente."

Liao afirmou que o Facebook enviou mais de 20 notificações nos últimos dias sobre o conteúdo. De acordo com ele, a empresa disse que os usuários tinham denunciado as publicações como impróprias. O escritor nunca tinha recebido essas notificações antes desta semana, disse.

Da mesma forma, foi excluído um vídeo de protesto em que um monge tibetano se autoflagelava. O conteúdo estava na página do Facebook da proeminente ativista tibetana Tsering Woeser. Tweets de Woeser sobre a mensagem apagada repercutiram entre perfis de ativistas de direitos humanos chineses. Ela afirmou que tinha postado muitas fotografias e vídeos de outros protestos semelhantes de autoimolação tibetanos no Facebook nos últimos anos, mas esta foi a primeira vez que a plataforma deletou uma de suas publicações.

"Eu não podia acreditar no que estava vendo", disse Woeser. "Eu me perguntava a razão pela qual o Facebook, de repente, sentiu que tinha se tornado um site chinês de redes sociais."

Controle

A rede social trabalhou por muito tempo para remover violência e nudez de seu serviço. Uma porta-voz da empresa disse que conteúdos têm sido excluídos à medida que a empresa trabalha para dar aos usuários mais controle sobre o que veem. "Nós trabalhamos duro para equilibrar expressão e segurança."

Muitas vezes, o Facebook responde às reclamações dos usuários (e apesar proibir o uso da redes social, a China tem um grande número de usuários). Legiões de internautas pró-governo, apelidados de Exército de 50 centavos, tentaram influenciar as discussões em mídias sociais em uma ampla variedade de lugares.

O Facebook provavelmente enfrentará um análise mais rigorosa sobre como trata o material da China, enquanto continua a mostrar interesse no vasto, mas rigidamente controlado mercado local. A plataforma deve esperar que o comportamento com os usuários na China seja visto sob um microscópio, como acontece em outros lugares, a exemplo da Rússia.

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