O número de vítimas da epidemia de cólera que atinge o Haiti desde meados de outubro ultrapassou os mil mortos, segundo balanço divulgado nesta terça-feira (16) pelo Ministério da Saúde. Com 117 mortes registradas desde domingo, o número de mortos chegou a 1.034.
Com o agravamento da epidemia, a tensão cresce no país. Na véspera, dois homens morreram na região norte do Haiti ,após confrontos entre capacetes azuis e manifestantes que protestavam contra a maneira como o governo trata a doenaça, informou a polícia. A ONU argumentou que seus oficiais atiraram em legítima defesa contra uma pessoa.
Em função da situação, o Exército do Nepal informou nesta terça ter reforçado a proteção dos capacetes azuis nepaleses, acusados pela população haitiana de ter propagado a epidemia de cólera no país.
O corpo de um jovem de 20 anos foi encontrado diante de uma base da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah) em Quartier-Morin, uma cidade de Cap Haitien, norte do país.
A base foi cenário de confrontos na segunda-feira entre manifestantes e soldados da ONU.
"Em um primeiro momento, (os capacetes azuis) atiraram para dispersar os manifestantes e, em um segundo momento, tenho a impressão de que atiraram na altura do homem", disse um juiz, que pediu anonimato.
O jovem recebeu um tiro nas costas, segundo a mesma fonte. Os carros da ONU foram objeto de pedradas.
"Era um manifestante que portava uma arma e que atirou na direção de um soldado, e o soldado respondeu em legítima defesa", afirmou o porta-voz da Minustah, Vicenzo Pugliese.
Outro jovem morreu ao ser atingido por tiros em uma rua de Cap Haitien, também em confrontos com os soldados da ONU, segundo a polícia haitiana.
Segundo o Exército nepalês, que tem 1.000 soldados na missão da ONU no Haiti, "falsos rumores" podem ter sido a causa dos ataques de segunda-feira da população contra os soldados nepaleses.
"Estamos preocupados, mas a polícia haitiana ajuda os capacetes azuis a proteger-se dos ataques", declarou à AFP Ramindra Chhettri, porta-voz do Exército nepalês.
Duas pessoas morreram e várias ficaram feridas nos confrontos de segunda-feira no Haiti entre capacetes azuis e os manifestantes revoltados, que criticam os soldados da ONU e a administração da epidemia de cólera por parte das autoridades.
Os soldados nepaleses foram apedrejados durante um protesto em Hinche, região central do Haiti. Um boato afirma que a epidemia de cólera, que deixou 900 mortos até o momento, foi provocada pelas fossas sépticas de um acampamento situado perto de Mirebalais, também no centro do país, onde estão baseados vários soldados nepaleses.
Os exames nos soldados nepaleses provaram que os oficiais não têm relação com a epidemia, segundo Ramindra Chhettri.
A principal causa dos violentos protestos no norte do Haiti foi a lentidão do governo e da ONU de lidar com expansão de cólera no país.
Os protestos começaram na cidade de Cap Haitien, no norte, a 274 km da capital, onde cerca de 100 pessoas morreram pelo surto de cólera nos últimos dias.
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