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Forças de seguranças montam guarda em frente a uma mesquita, em Colombo, Sri Lanka | Foto: ISHARA S. KODIKARA/AFP
Forças de seguranças montam guarda em frente a uma mesquita, em Colombo, Sri Lanka | Foto: ISHARA S. KODIKARA/AFP| Foto: AFP

Depois que um grupo de terroristas detonou explosivos em hotéis e igrejas no Sri Lanka no domingo de Páscoa (21), o número de mortos nos ataques aumentou rapidamente.

Depois de alguns dias, o governo declarou que 359 pessoas haviam morrido, fazendo desses atentados um dos mais fatais ataques terroristas desde o 11 de setembro de 2001.

Na quinta-feira (25), porém, as autoridades de saúde do Sri Lanka recuaram, dizendo que o número de vítimas pode ser quase um terço menor do que o divulgado anteriormente. Um número mais preciso de mortes, segundo eles, pode estar próximo de 250.

Poderia haver uma horrível razão para a mudança dramática.

Quando os socorristas atendem vítimas em emergências em grande escala, antropólogos forenses e outros especialistas trabalham junto a eles para avaliar pedaços de restos humanos. Os antropólogos tentam mitigar o risco de contar em excesso os mortos, mas erros podem acontecer.

Um dos primeiros passos é rotular sistematicamente quaisquer restos recuperados, disse Victor Weedn, médico patologista forense e professor da Universidade George Washington.

A recuperação de três dedos indicadores, por exemplo, poderia indicar que três pessoas foram mortas. Mas se os dedos esquerdos também forem recuperados, eles podem pertencer aos mesmos indivíduos que os dedos direitos. Da mesma forma, duas pernas recuperadas e um tronco humano podem inicialmente parecer indicar três corpos, disse Weedn, e acabam sendo apenas um. Esse tipo de erro de contagem pode inflacionar o número de mortos.

Além disso, em uma situação caótica como as consequências de um ataque terrorista, pode haver diferentes pesquisadores adicionando seus próprios números sem perceber que estão duplicando o trabalho de seus colegas. A duplicação é ainda mais comum em cenários em que os ossos podem ter sido quebrados em muitos pedaços. "A proximidade e o tipo explosivo vão ditar que tipo de fragmentação você vê", disse Joe Hefner, antropólogo forense que trabalhou na busca de vítimas dos ataques de 11 de setembro.

E tudo isso pode ser complicado à medida que a identificação se torna pessoal, com milhares de pessoas relatando a falta de seus entes queridos. Em crises como acidentes de avião, em que existe uma lista de todos os passageiros, é fácil saber quem foi morto. Quando Hefner respondeu à queda do avião do 11 de setembro na Pensilvânia, por exemplo, ele sabia exatamente o que estava procurando: 44 pessoas que estavam no vôo 93 da United Airlines, incluindo os quatro homens que o sequestraram.

Mas no Sri Lanka, os ataques ocorreram em espaços abertos, durante os cultos e nos hotéis.

Quando uma lista não existe, as autoridades muitas vezes tentam criar uma, configurando centrais de atendimento que permitem que os entes queridos telefonem e deem detalhes sobre seus familiares ou amigos desaparecidos. Mas isso também requer trabalhadores bem treinados que façam perguntas específicas para evitar a duplicação dos números em seus sistemas, à medida que rastreiam os desaparecidos.

Contar os mortos é complicado no rescaldo de qualquer emergência de grande escala e erros podem ocorrer. No caso do Sri Lanka, "o caos é claramente parte disso", disse Weedn.

"Duvido que a negligência seja parte disso, mas pode ser que eles não estejam preparados para um desastre como este", disse ele.

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