O total confirmado de mortos no terremoto do Haiti chega a 150 mil, apenas na região metropolitana da capital Porto Príncipe, informou ontem o governo do Haiti. Milhares de cadáveres ainda se encontram presos sob destroços em outras partes do país. A ministra Marie-Laurence Jocelyn Lessegue disse que o número se baseia em numa contagem de corpos da capital e arredores feita pela CNE, a estatal que vem reunindo os cadáveres e levando-os para uma vala comum ao norte de Porto Príncipe. Um terremoto de 4,7 graus na escala Richter atingiu ontem o Haiti, a cerca de 30 km de Porto Príncipe, segundo informações do US Geological Survey (Instituto de Geofísica dos Estados Unidos). O tremor foi registrado às 21h51 (18h51, horário de Brasília), em uma profundidade aproximada de 4,1 km. Até o fechamento desta edição, não havia notícias de danos ou feridos.As tropas internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU) lideradas pelo Brasil distribuíram ontem comida e água em uma das maiores favelas do Haiti, em meio a críticas de que as vítimas do terremoto não estavam recebendo auxílio rápido o suficiente. Os sobreviventes foram acomodados em más condições em cerca de 300 acampamentos improvisados por toda Porto Príncipe, capital do país.
Na favela Cité Soleil, integrantes do Exército norte-americano formaram um corredor ao lado de casas, enquanto centenas de haitianos fizeram fila para receber pacotes de comida, água e biscoitos. A favela tem sido um foco de violência, mas não houve registros de problemas durante a entrega dos alimentos.
Instruções sobre a distribuição foram feitas por meio de alto-falantes em caminhões, e os sacos de arroz, feijão e farinha de milho foram entregues.
"A ajuda que temos disponível está sendo distribuída", disse o tenente-general Ken Keen, comandante da operação militar norte-americana no Haiti. Em resposta às críticas, o diretor da USAid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), Rajiv Shah, disse que sua organização está fazendo tudo que pode, em circunstâncias difíceis.
Além dos desafios logísticos, há ainda preocupações sobre a segurança e as operações de distribuição de comida. O Programa Mundial de Alimentos foi forçado a suspender algumas das atividades de distribuição, após ataques a dois de seus comboios de ajuda na última sexta-feira, disse Thiry Benoit, diretor-adjunto da agência da ONU para o Haiti. Uma maternidade no subúrbio de Petionville fez um pedido urgente por comida, no sábado, dizendo que estava lotada de mulheres grávidas e sem alimentos disponíveis.