Cerca de 146 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas neste domingo (21) em uma série de ataques ocorridos áreas controladas pelo regime sírio, enquanto os Estados Unidos continuavam a pressionar por uma trégua, anunciando um acordo “provisório” para a cessação das hostilidades. Os atos foram reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI).
Em Homs, um duplo atentado com carro-bomba atingiu o bairro de Al-Zahra, na região central da cidade, onde 57 pessoas morreram, segundo uma ONG. Trata-se do pior atentado na cidade desde outubro de 2014, quando 55 pessoas, incluindo 49 crianças, morreram em frente a uma escola.
Já em Damasco, ao menos 87 pessoas morreram e outras 180 ficaram feridas nas proximidades do santuário xiita Sayeda Zeinab, ao sul da cidade, em pelo menos três ataques a uma mesquita onde se encontra enterrada a neta de Maomé. No final de janeiro, ao menos 70 pessoas morreram em um triplo atentado perto deste mesmo santuário, ataque que havia sido reivindicado pelo EI.
Neste contexto, e apesar dos fracassos dos esforços anteriores para instaurar um cessar-fogo, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, anunciou em Amã “um acordo provisório” com a Rússia sobre os termos de uma trégua , que “poderia começar nos próximos dias”.
A multiplicação de protagonistas, as profundas divisões internacionais e a ascensão dos grupos jihadistas Estado Islâmico (EI) e Frente Al-Nosra minam os esforços para uma resolução do conflito sírio, que em cinco anos fez mais de 260 mil mortos e forçou ao exílio mais da metade da população.
À espera de Obama e Putin
Em outras frentes, os combates prosseguiam entre a forças do regime e os rebeldes, além de outros confrontos entre as forças curdas e jihadistas ou, ainda, rebeldes e jihadistas.
Na província de Aleppo (norte), as forças do regime conseguiram avançar com o apoio fundamental da aviação russa e do Hezbollah libanês. Ao menos 50 jihadistas do EI foram mortos nos combates com o exército.
A estes atores soma-se o envolvimento militar de grandes potências no conflito: a Rússia apoia o regime com a sua aviação e a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos bombardeia o EI. Na semana passada, a Turquia iniciou ataques aéreos contra as forças curdas sírias perto da fronteira.
A situação, muito complexa, dificulta a aplicação de um acordo que seja aceito por todas as partes, apesar dos esforços da ONU e, especialmente, dos EUA.
Neste domingo (21), antes de uma reunião com o rei Abdullah da Jordânia, Kerry anunciou que voltou a falar ao telefone com seu colega russo, Sergei Lavrov. “Ainda não está concluído, mas espero que os nossos presidentes [o presidente Obama e o presidente Putin] possam conversar nos próximos dias para tentar completar este trabalho”, afirmou.
Contudo, Moscou anunciou no sábado (19) que continuará a ajudar o regime do presidente Bashar al-Assad a combater os “terroristas”. “Estamos mais perto hoje de um cessar-fogo”, assegurou o chefe da diplomacia americana, que negocia há vários dias com Moscou a implementação deste componente de um acordo internacional concluído em Munique, nos dias 11 e 12 de fevereiro.