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O Paquistão fez um apelo à comunidade internacional nesta terça-feira para que envie antibióticos e analgésicos para ajudar as vítimas do terremoto de outubro. O número oficial de mortos subiu para 57.597 e o de feridos para quase 79 mil.

O tremor, de magnitude 7,6, foi o mais violento ocorrido no sul da Ásia em cem anos. Destruiu um enorme número de casas e deixou mais de três milhões de pessoas desabrigadas, a poucas semanas de um inverno.

Mais de 29 mil feridos estão sendo tratados em hospitais civis e militares e em instalações improvisadas por ONGs no Paquistão, segundo as autoridades. Em reunião com especialistas e doadores em Islamabad, o governo pediu às ONGs uma coordenação mais eficaz da enorme operação internacional de ajuda.

Andrew Macleod, chefe de operações de emergências da ONU no país, diz que a coordenação é um desafio essencial neste momento, junto com mais verbas.

A ONU diz ter recebido apenas cerca de 20% do dinheiro necessário para a operação e alertou que o inverno iminente pode matar o mesmo número de pessoas que foram vítimas pelo terremoto em si, caso os doadores não disponibilizem mais recursos em breve.

Devido ao número de vítimas, à morte de muitos profissionais de saúde e à destruição de hospitais, o general Abdul Qadir Usmani, encarregado desse trabalho, pediu aos países doadores que mantenham os hospitais de campanha em funcionamento até março.

Em nota, a comissão governamental também pediu equipamentos e remédios, inclusive antibióticos, analgésicos, dezenas de mesas de operação e cem leitos para vítimas de lesões na coluna. A Otan disse na terça-feira que está montando um hospital na zona do terremoto.

O Programa Mundial de Alimentos da ONU diz que 2,3 milhões de pessoas precisam de ajuda de emergência e que, por enquanto, a agência não pode bancar os helicópteros para levarem mantimentos aos sobreviventes nas próximas quatro semanas que antecedem ao inverno.

O terremoto aconteceu no Himalaia, num dos terrenos mais acidentados do mundo, onde nevascas de até três metros e temperaturas de -20C são comuns nas áreas mais altas.

A meteorologia prevê chuvas para a próxima madrugada na Cachemira e temperaturas mínimas de -12C.

Na segunda-feira, o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, pediu aos sobreviventes nas áreas elevadas que busquem lugares mais baixos para o inverno, pois não sobreviverão ao frio nas tendas que servem de abrigo.

Mas, segundo os profissionais humanitários, muita gente reluta em deixar para três suas terras, animais e as ruínas das casas onde passaram gerações.

O contra-almirante Michael LeFever, comandante da missão americana no país, se disse otimista.

- Vamos vencer isso - disse ele após visitar a zona do tremor, acrescentando não acreditar nas previsões de que haverá uma segunda onda de mortes. - Acho que o que fizeram foi olhar para o pior cenário, e isso é bom para o planejamento - eles precisam fazer isso.

Musharraf anunciou na segunda-feira que o Paquistão realizará uma conferência internacional de doadores, com a presença do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, no dia 19, a fim de angariar verbas para a reconstrução, estimada em US$ 5 bilhões.

Mas afirmou que não há planos para reduzir o gasto com defesa, que consome uma parte enorme do orçamento nacional, uma vez que a segurança também é prioridade.

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