Prosseguem, neste domingo, os trabalhos de resgate de sobreviventes após a passagem do ciclone Sidr por Bangladesh, que, até o momento, causou a morte de 2.388 pessoas, segundo a última recontagem feita pelo Centro de Controle de Desastres do país. Milhares de pessoas continuam desaparecidas e existe a preocupação de que muitos tenham feito caso omisso aos avisos efetuados pelo governo antes da chegada do ciclone. Milhares de desabrigados estão sem água potável e medicamentos, mas a ajuda internacional está começando a chegar ao país.
O ciclone Sidr foi classificado por muitos como um dos mais poderosos das últimas décadas, mas a realização de um plano prévio de retirada dos moradores locais e o fato de o furacão ter tocado terra durante a maré baixa evitaram uma catástrofe ainda maior. O ciclone destruiu tudo o que encontrou em sua passagem, com ventos de até 233 quilômetros por hora, e fez com que as ondas aumentassem em cinco metros, uma preocupação a mais para um país onde 60 milhões de pessoas vivem a menos de 10 metros acima no nível do mar.
Desde o sábado, navios e helicópteros militares de Bangladesh tentavam chegar a milhares de sobreviventes do superciclone que atingiu o empobrecido país com ventos e ondas violentos. De acordo com a agência UNB, o número final de mortos pode chegar a 3 mil vítimas. O ciclone Sidr devastou a costa sul de Bangladesh na noite de quinta-feira com ventos de até 250 quilômetros por hora que ajudaram a elevar o nível do mar em até 5 metros. Foi o maior ciclone desde o que ocorreu em 1991, que matou cerca de 143 mil pessoas no país.
Navios da marinha percorrem a costa em busca de centenas de pessoas dadas como desaparecidas e para limpar canais de rios entupidos com embarcações afundadas para restaurar a normalidade na navegação, afirmaram autoridades do governo. Helicópteros percorreram áreas devastadas entregando alimentos, água potável e remédios para os sobreviventes.
- Vai levar vários dias para completarmos as buscas para sabermos o número correto de vítimas e a extensão dos danos - informou o ministério de alimentos e desastres.
A contagem oficial de mortos chega a mais de 900, mas alguns jornais neste sábado publicaram números entre 1.100 e 2 mil, citando relatos de jornalistas que estão em áreas devastadas.
A Marinha dos Estados Unidos está ajudando nos trabalhos de resgate e assistência às vítimas.
Autoridades de grupos de resgate descreveram os danos causados pelo ciclone, que derrubou casas e arrancou árvores e postes, como extremamente graves. A maior parte do país ficou sem energia na sexta-feira, depois que a rede elétrica caiu. Partes da cidade de Daca, capital do país e onde vivem cerca de 10 milhões de pessoas, ainda estavam sem energia neste sábado.
- Nossas equipes de apoio começaram a distribuição de emergência, com uma cobertura inicial de 100 mil pessoas. Entretanto, várias áreas estão inacessíveis agora por causa da queda de árvores - afirmou Vince Edwards, diretor nacional em Bangladesh do grupo World Vision.
Em muitas áreas, 95% das plantações de arroz, que seriam colhidas em algumas semanas, foram danificadas.
Desaparecidos no mar
Oficiais do grupo de socorro Crescente Vermelha afirmaram que cerca de mil pescadores ainda estão desaparecidos na baía de Bengala, em cerca de 150 barcos. Os líderes da comunidade pesqueira de Bazar e Barisal disseram que ainda esperam que alguns dos desaparecidos retornem a salvo. Em tempestades anteriores, barcos pesqueiros se abrigaram em florestas de mangue em Sundarban, segundo Shohel Ahmed, pescador de Barisal.
O ciclone de categoria 4 e a ondas gigantes espalharam devastação por três cidades costeiras de Bangladesh e forçaram 3,2 milhões de pessoas a abandonarem suas casas, informaram autoridades do país e grupos de resgate.