Bairro em Kinglake destruído por incêndio| Foto: Reuters

Equipes de resgate retiraram na segunda-feira (9) dezenas de cadáveres de edificações incendiadas na Austrália, elevando a 135 o total de mortos pela pior onda de incêndios florestais na história do país.

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"Todo mundo se foi. Todo mundo se foi. Todo mundo. Suas casas se foram. Eles estão todos mortos ali nas casas. Todo mundo está morto", disse aos prantos o sobrevivente Christopher Harvey, enquanto caminhava pela cidade de Kinglake, onde a maior parte das mortes ocorreu.

Muitas aldeias rurais nos arredores de Melbourne, segundo maior cidade da Austrália, foram devastadas, e a polícia acredita que alguns incêndios foram provocados deliberadamente.

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"Não há palavras para descrever isso senão como homicídio em massa", disse o primeiro-ministro Kevin Rudd a uma TV. "Esses números (de mortos) são chocantes (...), e temo que subam mais."

Na noite de sábado, um incêndio florestal destruiu várias pequenas cidades. Muita gente morreu dentro de seus carros, tentando escapar, e outras pessoas foram vitimadas quando tentavam se proteger dentro de casa. Houve, porém, quem conseguisse escapar dentro de piscinas, açudes ou porões.

As chamas chegaram a atingir a altura de um edifício de quatro andares. Por causa do vento, que transportava brasas, novos focos surgiam até 40 quilômetros à frente do incêndio principal.

"Vai parecer com Hiroshima, eu lhe digo. Vai parecer uma bomba nuclear. Há animais mortos em toda a estrada", disse Harvey à imprensa local.

Mais de 750 casas foram destruídas, e há cerca de 78 pessoas hospitalizadas por causa de queimaduras e ferimentos. Muitos pacientes estão com mais de 30 por cento do corpo queimado, e, segundo o médico local De Villiers Smit, algumas lesões são mais graves do que as de vítimas do atentado islâmico de 2002 em Bali, em que a maioria das vítimas eram australianas.

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Em Camberra, os legisladores suspenderam os trabalhos no parlamento durante o dia após expressar condolências às vítimas em nome da nação.

Incêndios florestais são comuns todos os anos na Austrália, mas neste ano a falta de chuvas, o calor e o ressecamento da vegetação se somaram para agravar a situação. Os incêndios, junto com fortes inundações em Queensland (norte), devem criar uma pressão política sobre Rudd, que em maio apresentará uma nova política climática para o país. Membros do Partido Verde citam os incidentes climáticos como prova da necessidade de uma nova política para o setor.

O incêndio florestal no Estado de Victoria é o pior desastre natural na Austrália desde que em 1899 o ciclone Mahina atingiu o cabo York (norte), matando mais de 400 pessoas.

Na segunda-feira, milhares de bombeiros continuam combatendo diversos focos de incêndio no sul do Estado e também na vizinha Nova Gales do Sul.

Embora o tempo esteja menos quente e com menos vento, o que ajudou os bombeiros, ainda há cerca de 10 focos de incêndio sem controle em Vitória.

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Mais de 330 mil hectares de vegetação já foram destruídos - o que inclui alguns vinhedos do vale do Yarra.

O Conselho de Seguros da Austrália disse que ainda é cedo para avaliar os prejuízos.