Quinze anos depois de a ONU colocar a erradicação da fome e da extrema pobreza no topo de suas Metas de Desenvolvimento do Milênio, caiu para 795 milhões o número de pessoas que ainda vai para a cama com fome, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira.
O relatório de três agências da Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que ao longo dos últimos dez anos 167 milhões de pessoas deixaram de passar fome.
Em 2000, quando a população mundial era de 6 bilhões e foram estabelecidas as metas do milênio, o número de pessoas que não tinha o suficiente para comer era estimado em 826 milhões. No entanto, depois disso a população mundial cresceu para mais de 7 bilhões.
Apenas 72 dos 129 países em desenvolvimento do mundo (56 por cento) alcançaram a meta de reduzir pela metade a proporção de pessoas com fome nos últimos 15 anos, segundo o relatório “Estado da Insegurança Alimentar no Mundo em 2015”.
O sul da Ásia enfrenta a maior situação de fome no mundo, em número de afetados, com 281 milhões de pessoas sem comida suficiente, de acordo com as agências da ONU.
O relatório assinala que a África subsaariana tem a maior prevalência de fome: mais de 23 por cento da população não tem o suficiente para comer.
Maus governos, conflitos violentos e crises prolongadas estão emperrando muitas nações africanas. Em 1990, 12 países em todo o continente enfrentavam crises alimentares. Vinte anos depois, o número subiu para 24, incluindo 19 que estiveram em crise por mais de oito dos dez anos anteriores. As regiões que mais avançaram incluem:
- América do Sul, em que menos de 5 por cento da população passa fome hoje, uma redução de mais de 50 por cento a partir de 1990.
- Ásia Central, Sudeste Asiático e partes do norte da África também mostraram progressos significativos, disseram a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) e outras agências da ONU com sede em Roma.
Nos países desenvolvidos, cerca de 15 milhões de pessoas também passam fome.
O crescimento econômico sozinho muitas vezes não é suficiente para acabar com a fome. Em vez disso, os governos deveriam se concentrar em “crescimento inclusivo”, recomenda o relatório.
(Reportagem de Chris Arsenault)