O número de presos políticos em Cuba caiu para 205 em 2008 contra os 234 do ano anterior, mas o governo realizou mais de 1.500 rápidas detenções arbitrárias, disse nesta segunda-feira (2) um grupo de direitos humanos.
Segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos, um grupo ilegal embora tolerado, o quadro de direitos humanos na ilha "não apresentou melhoras significativas em 2008".
"O resultado óbvio é que segue a tendência, observada nos últimos 20 anos, da diminuição gradual de pessoas condenadas por motivações políticas", disse a Comissão em um comunicado.
"Mas (o governo) seguiu e segue aplicando, de maneira crescente, a repressão política e social com centenas de detenções arbitrárias de curta duração", acrescentou.
Segundo o dissidente Elizardo Sánchez, líder da Comissão, as rápidas detenções permitem que o governo evite o "alto custo político" das condenações à prisão.
A Comissão disse que a lista de presos cubanos de consciência adotados pela Anistia Internacional caiu para 66 em 2008, dos 72 do ano anterior.
"Os números seguem pondo Cuba entre os primeiros lugares do mundo pela quantidade de presos políticos", disse Sánchez.
O governo comunista de Cuba considera os dissidentes "mercenários" pagos pelo seu inimigo Estados Unidos.
O comunicado semestral foi divulgado antes de o governo cubano apresentar, na quinta-feira, seu relatório no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
O documento oficial salienta o respeito, em Cuba, dos direitos à saúde e educação, à liberdade religiosa e de associação. Além disso, acusa os Estados Unidos de limitar, com seu embargo econômico, os direitos humanos na ilha.
"Cuba é um país onde nos últimos 50 anos não foi registrado um único desaparecido, torturado ou uma execução extrajudicial", disse o chanceler cubano Felipe Pérez Roque, na semana passada.
O governo anunciou também que convidaria, neste ano, o relator da ONU contra a tortura, em resposta ao que as autoridades consideram um novo clima de imparcialidade sobre o tema.
Sánchez, da Comissão, advertiu nesta segunda-feira em seu comunicado que o governo de Cuba "tratará de manipular a visita" do relator para que não possa entrevistar "vítimas de abusos".
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