O número de presos políticos em Havana caiu para 167, menor número desde a revolução de 1959, disse uma entidade de direitos humanos nesta segunda-feira.
O declínio coincide com sinais de que o regime comunista estaria preparando a libertação de mais dissidentes, segundo Elizardo Sánchez, porta-voz da Comissão Cubana de Direitos Humanos, um órgão independente, mas tolerado pelo governo.
O número de presos caiu de 201 ao final de 2009 para 167 atualmente, "menor número em 51 anos", segundo Sánchez, ele próprio um ex-preso político.
A comissão, que divulga um relatório a cada seis meses, disse que Cuba chegou a ter mais de 15 mil presos políticos há 45 anos, e que o total vem caindo constantemente nos últimos sete anos, já que o governo percebeu que "não precisa ter tantos presos políticos para manter um controle social quase total."
Ainda segundo Sánchez, cerca de 40 presos políticos relataram ter sido submetidos a um tipo de interrogatório que habitualmente antecede as libertações.
"Estamos recebendo informações das prisões de que (as autoridades) os estão entrevistando, preparando-os e lhes perguntando o que planejam fazer quando saírem", afirmou Sánchez.
Recentemente, o governo iniciou um diálogo com a Igreja Católica a respeito dos prisioneiros, e um deles já foi solto no mês passado. A Igreja diz que outros devem ser libertados em breve.
Sánchez disse que o governo está libertando dissidentes para melhorar sua imagem internacional, mas que a situação dos direitos humanos na ilha permanece sombria. Segundo o relatório, as autoridades "continuam violando de modo sistemático todos os direitos civis, políticos e econômicos."
"Enquanto o Estado totalitário continuar, a situação dos direitos humanos em Cuba não vai melhorar significativamente", afirma o texto.
Em fevereiro, o preso político Orlando Zapata morreu após uma greve de fome, o que provocou amplas críticas internacionais a Cuba.
No sábado, a imprensa estatal alertou que outro dissidente em greve de fome, Guillermo Fariñas, corre risco de morrer por causa de um coágulo no pescoço e de várias infecções. Esse psicólogo de 48 anos não se alimenta há 131 dias.
O regime cubano acusa os dissidentes de serem mercenários a mando dos Estados Unidos e de outros inimigos do comunismo.
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