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Tragédia

Número de vítimas de desabamento de prédio em Bangladesh sobe para 243

Corpos ainda eram retirados dos escombros nesta quinta-feira (25) | Reuters/Andrew Biraj
Corpos ainda eram retirados dos escombros nesta quinta-feira (25) (Foto: Reuters/Andrew Biraj)

O número de vítimas do desabamento de um edifício ontem na capital de Bangladesh, o qual abrigava vários estabelecimentos e oficinas têxteis, foi elevado para 243, informou nesta quinta-feira (25) a polícia local em seu último boletim, enquanto os trabalhos de resgates continuam sendo realizados.

Wali Ashraf Khan, inspetor policial do posto telefônico aberto pelas autoridades locais para contabilizar o número de mortos, confirmou essa nova contagem ao jornal bengalês "Daily Star" e informou que o número de feridos supera as mil pessoas, segundo a imprensa local.

O edifício Rana Plaza, de oito andares e que abrigava várias oficinas têxteis, um mercado e uma filial de um banco, veio abaixo no início da manhã de quarta-feira (24) no povoado de Savar, a 24 quilômetros ao noroeste da capital Daca.

Equipes dos bombeiros, da polícia e do Exército resgataram centenas de pessoas entre os escombros, enquanto os trabalhos de busca por sobreviventes seguem intensos.

Amirul Haque Amin, presidente da Federação Nacional de Trabalhadores do setor Têxtil de Bangladesh (NGWF), afirmou à Agência Efe que havia cerca de 4 mil trabalhadores no prédio no momento do colapso e, por isso, o número de vítimas "ainda poderia aumentar muito".

De acordo com o presidente da NGWF, as empresas têxteis que funcionavam no edifício eram Ether Tex Limited, New Wave Bottoms Limited, Phantom Apparels Limited, Phantom Tac Limited e New Wave Style Limited.

A Campanha Roupa Limpa (CRL), respaldada por umas 300 organizações de todo o mundo, procura melhorar a situação dos trabalhadores nas fábricas têxteis e sensibilizar as empresas internacionais sobre a precária situação existente em empresas de países como Bangladesh.

"É o acidente mais sangrento deste tipo já registrado em Bangladesh", afirmou Eva Kreisler, integrante da CRL, que acrescentou que a zona na qual ocorreu o desmoronamento é tida como "terreno instável". Por conta dessa classificação, edifícios altos não poderiam ser construídos na região.

O tipo de controle existente em Bangladesh para supervisionar as medidas de segurança nas fábricas têxteis "falha claramente", apontou a integrante do CRL, que ressaltou que as empresas sediadas no edifício eram terceirizadas por seus sócios locais e trabalhavam sem seguir os itens de segurança.

"As multinacionais funcionam com provedores, que são controlados por elas através de auditorias, mas depois estes provedores terceirizam sua produção ao repassar trabalhos a outras empresas, as quais não cumprem nenhuma medida de segurança", sentenciou Eva.

Bangladesh é o país do mundo com o menor custo de produção na indústria da roupa e, por isso, empresas de todo o mundo, incluindo da China, estão transferindo parte de sua produção ao país asiático, de acordo com CRL.

Segundo dados da Federação Nacional de Trabalhadores do setor Têxtil de Bangladesh, nos últimos 15 anos houve 600 mortes e 3 mil feridos em acidentes ocorridos em fábricas têxteis (incêndios ou desmoronamento) no país asiático.

Em 2005, em uma destas catástrofes, 61 empregados do setor morreram e outros 86 ficaram feridos após o desabamento de um edifício de nove andares que abrigava fábricas e ficava no mesmo povoado onde ocorreu a tragédia de ontem.

Da mesma forma que naquela ocasião, o diretor da Polícia Industrial, Mostafizur Rahman, acusou os proprietários das fábricas de ignorar as rachaduras que apareceram no edifício na última terça-feira, um dia antes da catástrofe.

"A Polícia Industrial pediu aos donos das fábricas que paralisassem as operações após a descoberta das rachaduras", afirmou Rahman, que completou: "No entanto, elas ignoraram nossos avisos e decidiram abrir suas unidades novamente na quarta-feira".

Além das declarações de Rahman, alguns dos feridos no acidente também acusaram os responsáveis das fábricas de obrigá-los a trabalhar.

"Nenhum de nós queria entrar no edifício, mas nossos chefes nos forçaram", afirmou ontem Nurul Islã, um dos trabalhadores feridos, ao portal de notícias "Bdnews24.com".

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