O secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, declarou nesta terça-feira que o papa Pio XII foi "vítima de uma lenda negra" que o acusa "falsamente" de ter sido insensível ao holocausto judeu durante o nazismo.
O cardeal italiano interveio durante um lançamento, em Roma, de um livro sobre Pio XII, cujo processo de beatificação acaba de avançar no Vaticano, apesar da polêmica sobre seu suposto "silêncio" diante do extermínio dos judeus.
"O Papa que guiou a Igreja nos anos terríveis da Segunda Guerra Mundial e depois, durante a guerra fria, é vítima de uma 'lenda negra'", declarou Bertone.
Esta "lenda negra... descreve falsamente Pacelli (nome civil de Pio XII) como indulgente com o nazismo e insensível à sorte das vítimas das perseguições" e "quer reduzir todo o seu pontificado à questão de supostos 'silêncios'", lamentou.
Pio XII, que foi Papa entre 1939 e 1958, agiu discretamente e viveu "um grande e grave drama interior" sobre a melhor atitude a tomar para não agravar o sofrimento das vítimas das perseguições, disse Bertone.
A congregação da causa dos santos aprovou, em 8 de maio, uma declaração sobre as "virtudes" de Pio XII, etapa decisiva para a beatificação deste polêmico papa.
Na seqüência, o Papa atual, Bento XVI, é quem deve se pronunciar sobre o processo, ao qual falta o reconhecimento de um milagre atribuído ao falecido para se concretizar.
Esta não é a primeira vez que o cardeal Bertone se pronuncia a favor de Pio XII. Em 24 de janeiro, ele estimou que ele deve ser considerado "um justo", título atribuído pelo instituto israelense Yad Vashem aos que salvaram os judeus do extermínio nazista.
Vários historiadores consideram que Pio XII esteve entre os primeiros informados sobre a implantação da "solução final" e que sua intervenção não esteve à altura da ameaça.
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