Funcionários de ONGs, pessoas que dizem apoiar a causa palestina e até mesmo autoridades das Nações Unidas acusam Israel de não fornecer ajuda humanitária suficiente aos moradores da Faixa de Gaza, que enfrentam uma dura realidade desde que o Hamas massacrou o território israelense e deu início à guerra no Oriente Médio. Contudo, números da própria ONU põem em xeque essas declarações.
Estatísticas do Programa Alimentar Mundial da organização (WFP, da sigla em inglês), divulgadas desde o início do conflito, em outubro do ano passado, revelam que o Estado de Israel forneceu quantidade mais do que suficiente de alimentos para suprir as necessidades de toda a população do enclave palestino ao longo do período em que as operações para desmantelar o grupo terrorista ocorrem na Faixa.
"Mais de 950 toneladas de alimentos estão disponíveis no Egito, perto da fronteira de Gaza, o suficiente para alimentar 488 mil pessoas durante uma semana. Em Gaza, o WFP possui 3.122 toneladas de atum enlatado e farinha de trigo. Na Cisjordânia e em Jerusalém, 1.157 toneladas de farinha de trigo, azeite e óleos vegetais, lentilha e grão de bico", diz um trecho de um relatório divulgado pelas Nações Unidas em outubro.
No entanto, um dos grandes obstáculos para a entrada desses suprimentos no enclave é o próprio provocador da guerra, o Hamas, acusado de roubar e desviar regularmente a ajuda destinada aos civis, a fim de alimentar os terroristas que seguem bombardeando Israel. No início do mês, o Exército israelense afirmou que eliminou um alto funcionário da milícia, Muhammad Abu Hasna, que atuava dentro de uma instalação da agência UNRWA, da ONU, em Rafah, e foi acusado de roubar ajuda humanitária.
Isso fica mais evidente com a fala do vice-diretor executivo e diretor de operações do WFP, Carl Skau. “O WFP e nossos parceiros têm fornecimentos de alimentos prontos, na fronteira e na região, para alimentar todos os 2,2 milhões de pessoas em Gaza – mas transportar alimentos para e dentro de Gaza é como tentar navegar num labirinto, com obstáculos em cada esquina”, afirmou.
Segundo a ONG American Israel Public Affairs Committee (APAIC, na sigla em inglês), Tel Aviv está facilitando a entrada de enormes quantidades de ajuda humanitária e assistência em Gaza, o que inclui alimentos, água, medicamentos e outros suprimentos. Contudo, a chegada de tais itens aos civis esbarra na ineficácia de coordenação das Nações Unidas, de outras organizações humanitárias no processamento e distribuição da ajuda, e nas intercorrências provocadas propositalmente pelas milícias que atuam no enclave, a fim de aumentarem as tensões regionais.
O Hamas, que afundou a população de Gaza na miséria, também é acusada de utilizar os elementos recebidos para fins militares contra o Estado de Israel, como combustível. Em novembro, um mês depois do conflito começar, as Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que o grupo terrorista estava se apropriando do combustível que fica armazenado nos hospitais da Faixa.
Os militares israelenses interceptaram gravações pelos serviços de inteligência do país, nas quais dois homens, um identificado como "morador de Gaza e comandante do Hamas" e o outro como "funcionário do hospital", discutem em árabe a retirada de combustível dos estoques de um hospital local. Segundo os áudios, o que se diz comandante do Hamas afirma estar tirando combustível dos estoques do hospital "porque está trabalhando para o bem do país", enquanto o funcionário do hospital expressa "preocupações" sobre o impacto dessa ação no funcionamento da unidade de saúde.
Diante das falsas acusações de que não fornecem ajuda aos civis, as IDF informaram que, desde 21 de outubro, Tel Aviv tem se mobilizado, junto a outros países, para fazer chegar o sustento à população do enclave por meio do Coordenador de Atividades Governamentais nos Territórios (Cogat, na sigla em inglês), que atua ao lado da Autoridade Palestina e diplomatas para facilitar a entrada de suprimentos.
Por meio de seu site, o governo de Israel divulgou no mês passado seus números atualizados sobre a ajuda enviada à Gaza desde o início da guerra. Segundo as informações, 234.930 toneladas de ajuda humanitária foram transferidas para Gaza, incluindo 155.560 toneladas de alimentos; 16.920 toneladas de suprimentos médicos; 24.120 toneladas de suprimentos para abrigos e 16.670 toneladas de outros suprimentos não especificados.
De acordo com o Cogat, somente nesta terça-feira (26) foram enviados 258 caminhões de ajuda humanitária inspecionados e transferidos para a Faixa por Israel via rotas de Kerem Shalom e Nitzana; 116 caminhões transferidos por agências de ajuda vinculadas à ONU; 25 caminhões de ajuda alimentar do setor privado coordenados para o norte de Gaza; 25 caminhões de ajuda transferidos para Gaza por meio de rotas da Jordânia; e 125 pacotes (com uma tonelada cada) de ajuda humanitária foram lançados por via aérea sobre o norte de Gaza.
A ajuda humanitária é encaminhada ao enclave palestino através do Egito, mas antes passam por inspeção de segurança de Israel para garantir que nenhuma arma ou material que possa ser utilizado para fins militares pela organização terrorista Hamas entre em Gaza. Depois disso, é enviado para a Faixa através da passagem de Rafah, localizada no sul da região. As medidas de segurança tomadas para inspecionar a ajuda ocorrem devido a tentativas anteriores de envio ilegal de armas, munições e explosivos contrabandeados para Gaza, sob o pretexto de ajuda humanitária.
Também na terça-feira (26), quatro navios-tanque com gás de cozinha e quatro com combustível entraram no enclave destinados à operação de infraestruturas essenciais em Gaza. Além disso, entraram quatro unidades móveis de dessalinização para fornecimento de água à população localizada na área de Rafah.
Mais de 20 padarias operam no enclave atualmente, fornecendo mais de dois milhões de pães por dia para a população. As IDF também fazem interrupções das operações a fim de permitir a movimentação de ajuda humanitária.
Rebatendo as acusações contra Israel, o governo americano considerou, na semana passada, que o país está garantindo o cumprimento do direito internacional e não está bloqueando a assistência humanitária em Gaza.
O respaldo é fruto de informações repassadas por um “oficial credível de alto nível que tem a capacidade e autoridade para tomar decisões e assumir compromissos sobre as questões no centro das garantias”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, referindo-se à carta enviada pelo Ministro da Defesa, Yoav Gallant.
“Tivemos avaliações contínuas da conformidade de Israel com o direito humanitário internacional. Não consideramos qualquer violação, quer no que diz respeito à condução da guerra, quer no que diz respeito à prestação de assistência humanitária. Vemos essas garantias por meio do trabalho contínuo que realizamos”, disse.
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