Rudolph Giuliani, advogado do presidente Donald Trump, afirmou, na noite de quarta (16), nunca ter dito que não houve conspiração entre a campanha do republicano e a Rússia, em entrevista à emissora CNN.
Giuliani, ex-prefeito de Nova York, foi acusado de contradizer declarações dadas no passado sobre a existência de uma conspiração entre a campanha de Trump e a Rússia para interferir no resultado das eleições de 2016. A suposta aliança é alvo de uma investigação do procurador especial Robert Mueller.
A entrevista, de cerca de 20 minutos, foi concedida ao apresentador Chris Cuomo, irmão do atual governador de Nova York, o democrata Andrew Cuomo.
Giuliani criticou o que chamou de grande quantidade de informações falsas sobre a investigação russa. Cuomo rebateu e disse que falso era dizer "que ninguém na campanha tinha qualquer contato com a Rússia."
"Informação falsa é dizer que não houve indicação de qualquer tipo de conspiração entre a campanha e qualquer russo", continuou o apresentador.
Giuliani respondeu que Cuomo estava errado sobre a posição do advogado. "Eu nunca disse que não houve conspiração entre a campanha, ou entre pessoas na campanha", afirmou. "Você disse sim", rebateu Cuomo.
Em julho, lembra o jornal Washington Post, o advogado do presidente foi questionado em um programa da conservadora Fox News sobre se sustentava sua posição e a de Trump de que não houve conspiração de quem quer que fosse com a Rússia para beneficiar a campanha do republicano. "Correto", respondeu Giuliani na ocasião.
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Nesta quarta, ele afirmou que se referia a Trump e argumentou que apenas tinha dito que o presidente não estava envolvido em qualquer tentativa russa de intervir nas eleições. "Não há um único pedaço de evidência que [mostre que] o presidente dos Estados Unidos cometeu o único crime que você pode cometer aqui, conspiração com os russos para hackear o comitê nacional democrata", disse.
A Casa Branca não respondeu a pedidos de comentários sobre a questão. Em rede social, o presidente negou várias vezes ter havido qualquer tipo de conspiração entre sua campanha e os russos.
Fator Cohen
Na última quinta (10), o jornal The Wall Street Journal trouxe outra notícia negativa para o presidente. Segundo a publicação, Michael Cohen, ex-advogado de Trump, teria pagado ao responsável por uma empresa pequena de tecnologia milhares de dólares em 2015 para manipular enquetes online com a intenção de favorecer o republicano antes da campanha presidencial.
No escritório de Cohen no prédio da Trump Tower, o ex-advogado teria entregado a John Gauger, dono da RedFinch Solutions, uma mala azul contendo entre US$ 12 mil (R$ 45,1 mil) e US$ 13 mil (R$ 48,9 mil) em dinheiro. Cohen teria prometido US$ 50 mil (R$ 188,1 mil), mas nunca pagou o restante do dinheiro, de acordo com Gauger.
No início de 2017, Cohen pediu e recebeu reembolso de US$ 50 mil de Trump e de sua empresa pelo trabalho realizado pela RedFinch, segundo documentos e pessoa familiarizada com o assunto.
O trabalho de Gauger tinha sido tentar, sem sucesso, manipular duas enquetes online para favorecer Trump.
Em janeiro de 2014, diz a publicação, Cohen pediu a Gauger para ajudar Trump a aparecer bem em uma enquete online da CNBC que buscava identificar os principais líderes de negócios do país. O executivo deveria desenvolver um script que votasse em Trump repetidamente. Gauger não conseguiu colocar o presidente entre os 100 melhores candidatos.
Em fevereiro de 2015, o ex-advogado do republicano teria pedido a ele para fazer o mesmo em uma enquete que buscava elencar potenciais candidatos do partido. Trump apareceu em quinto, com 24 mil votos, ou 5% do total.
Em uma rede social, Cohen afirmou, na última quinta, que Trump tinha conhecimento das tentativas de manipulação.
"O que eu fiz foi a mando e para benefício único [do presidente]", escreveu. "Eu me arrependo verdadeiramente da minha lealdade cega a um homem que não merece."
As Organizações Trump se recusaram a comentar. Giuliani, por sua vez, afirmou que o fato de Cohen ter sido reembolsado com mais dinheiro do que pagou à RedFinch mostrava que o ex-advogado do presidente era um "ladrão". "Se uma coisa ficou estabelecida, é que Michael Cohen é completamente não confiável", afirmou.
Cohen se declarou culpado de violações a leis de financiamento de campanhas eleitorais, evasão fiscal, de mentir ao Congresso e de outras acusações. No mês passado, ele foi sentenciado a cumprir três anos na prisão.