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Nuvem de cinzas da erupção do vulcão Eyjafjallajoekull, na Islândia, deve continuar se alastrando por quatro ou cinco dias | Halldor Kolbeins / AFP
Nuvem de cinzas da erupção do vulcão Eyjafjallajoekull, na Islândia, deve continuar se alastrando por quatro ou cinco dias| Foto: Halldor Kolbeins / AFP

Previsão

Situação deve durar mais quatro ou cinco dias

Os ventos provavelmente seguirão levando cinzas do vulcão islandês para a Europa durante pelo menos os próximos quatro ou cinco dias, declarou ontem Teitur Arason, especialista do Instituto de Meteorologia da Islândia. "As cinzas continuarão dirigindo-se para o Reino Unido e para a Escandinávia", disse. "É a previsão geral para os próximos quatro ou cinco dias", acrescentou.

Agência europeia se reúne amanhã

Folhapress

A Agência Europeia para a Segurança na Navegação Aérea (Eurocontrol) fará amanhã (22) uma reunião com as autoridades aéreas nacionais e com a Comissão Europeia para discutir o impacto do caos aéreo causado pela nuvem de fumaça vulcânica oriunda da Islândia.

Dado o "impacto excepcional" das condições meteorológicas, a Eurocontrol realizará uma videoconferência para revisar e harmonizar o controle da situação na próxima segunda-feira às 14 horas (horário de Brasília), segundo o subdiretor de operações da agência, Joe Sultana.

Essa reunião permitirá revisar a situação e analisar se as medidas adotadas até agora são as adequadas e se é necessário tomar novas precauções, "dada a situação dinâmica que implica o deslocamento constante da nuvem de cinza".

"Na prática, perderemos 50% do movimento de passageiros na Europa", explicou em entrevista coletiva Brian Flynn, subdiretor de operações da Eurocontrol, lembrando que dos 28 mil voos previstos para ontem na Europa, 16 mil foram cancelados. "O objetivo da Eurocontrol e das provedoras de serviços aéreos é garantir a segurança dos passageiros", explicou Flynn, que disse não poder avaliar se as medidas tomadas até agora foram exageradas. "Embora esta interrupção seja sem precedentes na Europa, é inevitável dada a natureza do problema atual."

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Três dias depois da erupção do vulcão Eyjafjallajoekull, na Islândia, a nuvem de cinzas que ele vem expelindo praticamente parou ontem o tráfego aéreo em toda a Europa, do Reino Unido à Rússia, chegando a países do Leste Europeu como a Romênia.

Cerca de 16 mil voos foram cancelados ontem no espaço aéreo, anunciou a agência de segurança aérea europeia, Eurocontrol.

Foram aproximadamente 6 mil voos operando ontem, contra cerca de 28 mil em condições normais. "Nenhuma decolagem ou aterrissagem é possível para aeronaves civis na maior parte dos países do norte e do centro da Europa", informou a agência. "O espaço aéreo do sul da Europa, que inclui a Espanha, o sul dos Balcãs, o sul da Itália, Bulgária, Grécia e Turquia, ainda permanece aberto e há voos previstos nesses países", acrescentou a organização.

A Eurocontrol, que monitora o espaço aéreo de 38 países, informou que dois terços dos voos em todo o continente foram cancelados na última sexta-feira. O Reino Unido estendeu o fechamento do seu espaço aéreo do meio dia de ontem à 1 hora deste domingo (21 horas, horário de Brasília).

A suspensão dos voos está provocando prejuízos diários de mais de R$ 350 milhões, de acordo com a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo, na sigla em inglês), que representa 230 empresas aéreas.

Milhares de passageiros já perderam os seus voos. Na Alemanha, todos os 16 aeroportos internacionais não operaram ontem, e a companhia aérea Lufthansa havia cancelado todos os voos até as 20 horas do sábado (15 horas, em Brasília). "Nunca houve nada como isso", afirmou um porta-voz da empresa, acrescentando que não há aviões da empresa no ar em qualquer parte do mundo.

Transporte

Na Europa, passageiros que não conseguem embarcar estão buscando alternativas como trens, ônibus e barcas. O serviço Eurostar, que liga o Reino Unido ao continente europeu está lotado até amanhã. A operadora informou estar carregando cerca de 50 mil passageiros entre Londres, Paris e Bruxelas. A Thalys, que reúne os serviços de alta velocidade da França, Bélgica e Alemanha, estava deixando passageiros comprar passagens mesmo se os trens estivessem lotados.

As operadoras de balsas no Reino Unido receberam uma enxurrada de reservas de pessoas desesperadas para cruzar o Canal da Mancha até a França, e a empresa de táxi de Londres Addison Lee disse ter recebido pedidos para viagens até cidades como Paris, Milão, Amsterdã e Zurique.

"Em termos de fechamento de espaços aéreos, isso é pior do que ocorreu no 11 de Setembro (de 2001). A interrupção é pior do que qualquer coisa que já vimos", afirmou um porta-voz do órgão que regulamenta a aviação no Reino Unido, a Civil Aviation Authority.

Entre os milhares de pessoas atingidas pela nuvem de cinzas vulcânicas estão a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que foi obrigada a pousar em Portugal em seu retorno dos Estados Unidos, e a cantora americana Whitney Houston, que foi forçada a viajar de carro e de ferry-boat do Reino Unido para a Irlanda para fazer um show.

A suspensão de voos na Europa está provocando consequências há milhares de quilômetros do continente, com o cancelamento de voos na Austrália, Índia, China, Japão e Cingapura.

Cinzas

A erupção do vulcão na Islândia começou na última quarta-feira e segue lançando cinzas na atmosfera. Especialistas temem que as cinzas contidas na fumaça entrem nos motores do avião entupindo as turbinas. Quando isso acontece, o motor pode parar de funcionar em pleno voo.

As cinzas, no entanto, não apresentam risco grave para a saúde de seres humanos. Segundo autoridades de saúde na Escócia, onde a previsão era de que as cinzas começassem a cair na noite de quinta para sexta-feira, a expectativa é de que a concentração de partículas seja baixa.

O serviço de meteorologia britânico Met Office informou que qualquer partícula que chegasse a tocar o chão seria praticamente invisível.

A segunda erupção do vulcão da geleira de Eyjafjal­lajoekull lançou uma nuvem de fumaça a uma altura de 11 quilômetros na atmosfera. Uma fissura de 500 metros apareceu no topo da cratera.

O calor do vulcão derreteu parte do gelo em volta, provocando enchentes na região na quarta-feira. Nos primeiros mo­­mentos, cerca de 800 pessoas tiveram de abandonar as suas casas. O vulcão, no entanto, continuou emitindo nuvens de poeira em direção à Europa.

Especialistas não sabem quanto tempo essa erupção deve durar. A última erupção vulcânica debaixo da geleira, antes deste ano, começou em 1821 e continuou por dois anos, resultando em mundanças climáticas.

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