Autoridades do governo da Argentina informaram na noite da segunda-feira, 22, que uma nuvem de gafanhotos levantou voo na província de Corrientes e pode atravessar a fronteira com o Rio Grande do Sul. De acordo com a Senasa (Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentícia da Argentina), os insetos seguiram na direção sul e devem chegar à província de Entre Ríos.
Segundo as autoridades argentinas, a nuvem teve origem no Paraguai e vem atravessando o país desde a semana passada, apesar de já terem identificado um grupo de gafanhotos no final de maio. Nesse meio tempo, lavouras de milho foram totalmente destruídas pela praga.
Tanto a Senasa quanto as autoridades de cada província afetada estão realizando o monitoramento da nuvem e dos danos causados às lavouras. O órgão assegura, porém, que, apesar de serem uma grande ameaça às plantações, os gafanhotos não causam nenhum tipo de dano direto, como lesões ou doenças, ao ser humano.
Em comunicado, o governo da província de Córdoba informou que, em um quilômetro quadrado de nuvem, pode haver cerca de 40 milhões de insetos, com capacidade de consumir em um dia o equivalente ao que duas mil vacas poderiam comer no mesmo período.
Nas redes sociais, a Senasa pede aos usuários que avisem o órgão caso encontrem os gafanhotos para ajudar no monitoramento da movimentação do grupo.
Invasão de gafanhotos na África
A aparição de imensas nuvens de gafanhotos em países do leste da África, no início deste ano, ameaçou devastar as reservas alimentares de países que já eram vulneráveis. A Somália, um dos países mais pobres do mundo, declarou emergência nacional em fevereiro, quando os insetos ameaçaram a segurança alimentar da nação.
As nuvens de gafanhotos tiveram magnitudes históricas e, segundo especialistas, estão relacionadas às rápidas mudanças climáticas. Os insetos se estenderam por Etiópia, Somália e Quênia.
A Organização das Nações Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO) alertou para possíveis consequências devastadoras como danos em larga escala à plantações e ameaça à segurança alimentar em países que já sofrem com secas recorrentes, preços altos de alimentos, além da pandemia de Covid-19.
Segundo a FAO, o Chifre da África enfrenta a pior crise de gafanhotos em mais de 25 anos. No Quênia, a situação é a pior em 70 anos.
No momento, o leste da África se prepara para a terceira onda de gafanhotos do deserto, com a eclosão de bilhões desses insetos destrutivos.
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