Médico e cientista novaiorquino Anthony Stephen Fauci.| Foto: EFE/Mario Guzmán
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O médico e cientista novaiorquino Anthony Stephen Fauci falou sobre a sua atuação e do governo americano à pandemia de Covid-19, em entrevista ao The New York Times (NYT), na última terça-feira (24). Ele admitiu que erros foram cometidos apesar de seus melhores esforços. “A comunicação em pandemias é difícil nas melhores circunstâncias”, disse Fauci.

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"O que tem sido tão preocupante para mim como oficial de saúde é quando você está lidando com um alvo em movimento, as evidências estão evoluindo e novos dados se tornam disponíveis, mas você tem tantas pessoas diferentes com seus próprios conjuntos de dados que não são dados reais. , mas mesmo em um mundo perfeito, não seria fácil", declarou.

Fauci comentou sobre as consequências de políticas de saúde pública "pesadas", e garantiu que nunca mandou fechar escolas ou fábricas. "Mostre-me uma escola que fechei e mostre-me uma fábrica que fechei. Nunca. Nunca fechei. Eu dei uma recomendação de saúde pública que ecoou a recomendação do CDC, e as pessoas tomaram uma decisão com base nisso. Mas nunca critiquei as pessoas que tiveram que tomar decisões de uma forma ou de outra", disse.

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O cientista também rebateu os críticos que o acusaram de estar errado sobre tudo e por mudar tanto de opinião. O experiente burocrata pareceu mudar de posição por razões obscuras, ou até políticas, em diversos temas sensíveis da pandemia: das máscaras à origem do vírus e à qualidade das vacinas de mRNA.

"Eu sei que as guerras culturais têm sido muito, muito difíceis do ponto de vista da saúde pública. Em última análise, um epidemiologista vê isso como um fenômeno epidemiológico. Um economista vê isso de um ponto de vista econômico. E eu vejo isso de alguém na cama morrendo", declarou ao NYT.

Na entrevista, Fauci relatou que "as políticas destinadas a espalhar o uso da vacina podem ter saído pela culatra, pois muitos em todo o país já estavam se tornando céticos em relação às orientações de saúde pública". "Acho que, quase paradoxalmente, havia pessoas que estavam em dúvida sobre serem vacinadas pensando: 'Por que eles estão me forçando a fazer isso?'", disse o cientista.

Em relação as origens da pandemia, Fauci reforçou a sua teoria de que o vírus poderia ter vazado de um laboratório chinês , apesar de acreditar que existem mais evidências para apoiar a noção de que o vírus se originou de um mercado úmido de Wuhan. “Acho que até que você tenha uma prova definitiva de um ou outro, é essencial ter a mente aberta”, mencionou.

De acordo com o médico americano, os futuros líderes devem aprender lições com a resposta do país ao COVID-19 e as autoridades de saúde pública precisam permanecer vigilantes antes da próxima pandemia. "Não precisamos de um orçamento infinito. Só precisamos de um compromisso sustentado com a ciência e a saúde pública. Pode ser daqui a 50 anos. Lembre-se, a última pandemia transformadora foi em 1918. Tivemos pandemias em 1957, 1968 e 2009, mas quase ninguém as notou", explicou Fauci.

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