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A vitória de Mitt Romney nas urnas norte-americanas pode ser economicamente positiva para o Brasil, mas a reeleição do presidente Barack Obama é politicamente melhor para mundo. Ao mesmo tempo em que a eleição de Romney pode representar uma maior abertura comercial com o mercado brasileiro, prejudicado pelas restrições impostas a produtos nacionais durante o primeiro mandato de Obama, as ameaças de intervenção bélica em outros países, típicas da agenda do partido republicano, poderiam colocar em risco a pretensão do Brasil de se tornar um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

Estes foram os possíveis cenários apontados por especialistas consultados pela Gazeta do Povo para identificar prováveis consequências do resultado das eleições americanas para os brasileiros.

O ex-governador do Mas­­sachusetts demonstrou interesse em negociar com o mercado nacional, além de fazer uma defesa pela não intervenção nas trocas comerciais da indústria norte-americana.

No site oficial de campanha, Romney afirma que pretende valorizar os acordos econômicos com os países latino-americanos, algo que não foi prioridade para o primeiro mandato do rival. "Durante a atual gestão, Obama precisou lidar com a crise econômica [que atingiu os EUA em 2008]. Quando há recessão, as regras do jogo mudam. É bem possível que, caso estivessem no poder, os republicanos agissem da mesma forma", avalia Nilson de Paula, economista da Universidade Federal do Paraná.

Sem enfrentar a crise, as barreiras impostas a produtos brasileiros como o suco de laranja, o aço e o etanol, devem cair. Com o atual governo, que protege o mercado norte-americano, isso é menos provável. O que não quer dizer que, com Romney, não existirão outros problemas nas relações com o Brasil.

Política

"O maior entrave na agen­­da do partido republica­­no são as agressivas intervenções bélicas em outros países. Eles imaginam que o mundo é dividido entre mocinhos e bandidos e agem como uma potência xerife", afirma Olavo Henrique Furtado, cientista político da Escola de Negócios Trevisan, em São Paulo.

A maior preocupação da comunidade internacional com a vitória de Romney seria uma repetição das intervenções no Iraque feitas pelo governo do ex-presidente George W. Bush (2000-2008). Sem a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, as tropas americanas invadiram o Oriente Médio, em 2001, e iniciaram uma guerra.

Para o Brasil, que tem atuado na defesa de diálogo para a resolução de conflitos – algo que, inclusive, foi reafirmado pela presidente Dilma Rousseff na Assembleia Geral da ONU na semana passada –, as ameaças de intervenção de Romney podem criar atritos na relação entre os dois países. "As críticas que Dilma fez na Assembleia Geral por um diálogo maior nos conflitos da Síria, por exemplo, já são uma afronta aos EUA – e olha que os democratas respeitam as decisões da ONU. Com um governo republicano, as tensões com esse tipo de questão só devem aumentar", diz Renata Rosa, professora de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília (Uniceub).

Visto

Um dos maiores avanços­­ nas relações entre Brasil e­­ Estados Unidos durante o governo Obama foram as novas regras para a retirada do visto de turista. Desde abril, o processo para entrar em território norte-americano ficou menos burocrático e mais barato para os brasileiros. A questão pode sofrer um impacto caso o republicano ganhe em novembro.

"Os democratas favoreceram a entrada dos turistas daqui. A agenda dos republicanos é mais dura com estrangeiros, especialmente com os imigrantes. Se ganhar, Romney deve dificultar o trânsito dos brasileiros", diz Nilson de Paula. Caso isso aconteça, inevitavelmente, as boas relações diplomáticas entre os dois países serão abaladas.

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