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Morte

O caso misterioso do bilionário suicida

Há sinais de que Boris Berezovsky (à esq.) cometeu suicídio, mas investigação continua | Ben Stansall/AFP
Há sinais de que Boris Berezovsky (à esq.) cometeu suicídio, mas investigação continua (Foto: Ben Stansall/AFP)
Roman Abramovich, dono do time de futebol do Chelsea, foi amigo e sócio de Berezovsky |

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Roman Abramovich, dono do time de futebol do Chelsea, foi amigo e sócio de Berezovsky

A morte do oligarca Boris Berezovsky na semana passada despertou preocupação entre as autoridades inglesas. Se o cenário aponta desde o começo para suicídio, a polícia ainda não descartou completamente a possibilidade de um novo crime contra um bilionário russo em solo britânico.

Podia ser mais uma daquelas histórias com cara de enredo de filme noir de espionagem, com desdobramentos quase inverrossímeis, que se arrastam por anos, sem uma solução clara como foi o caso da morte do ex-espião Alexander Litvnenko.

O fato é que a morte suspeita de russos continua a assombrar o Reino Unido — embora não tenha até agora abalado a onda de magnatas do país autoexilados em terras britânicas.

No último sábado, Be­­rezovsky, de 67 anos, foi encontrado morto em sua casa, em Ascot, nos arredores de Londres. O antigo aliado do Kremlin, que ajudou a eleger o presidente Vladimir Putin há 16 anos, já havia sido vítima de tentativas de assassinato – sobreviveu a um atentado a bomba que matou seu motorista.

Mas as investigações que vêm sendo conduzidas pelas autoridades desde a semana passada corroboram a tese de suicídio. Pessoas próximas ao empresário e jornalistas com quem havia falado recentemente afirmam que estava deprimido e já não via mais razões para viver.

No fim do ano passado, após embate nos tribunais britânicos com o ex-amigo e ex-sócio, o também bilionário Roman Abramovich, dono do time de futebol Chelsea, teria perdido nada menos do que 3 bilhões de libras, ou cerca de R$ 9 bilhões. O motivo da batalha judicial foi a divisão de recursos obtidos com petróleo na Rússia pós-soviética.

Mesmo que se confirmem os resultados preliminares das investigações, a história nunca vai acabar como um caso comum de suicídio. Desde o anúncio de sua morte, soube-se que o ex-empresário teria enviado carta ao Kremlin na qual pedia desculpas a Putin e a oportunidade de voltar para a Rússia, o que aumenta a carga dramática do seu fim.

As suspeitas sobre a morte de Berezovsky continuarão até que saiam os resultados dos últimos exames realizados pelas autoridades. A morte do oligarca está sendo tratada com cautela tendo em vista todas as ligações que teve desde que se mudou para o Reino Unido, logo após a primeira eleição de Putin e as outras mortes suspeitas de russos em Londres nos últimos anos.

Os Alvos

Conheça todos os milionários russos (e o georgiano) que se mudaram para território britânico e acabaram mortos em circunstâncias estranhas.

Litvinenko

Em 2006, o ex-coronel da KGB Alexander Litvinenko, um dos maiores críticos de Putin, teria sido envenenado com polônio num hotel no centro de Londres, supostamente por agentes russos, que teriam colocado a substância radioativa num chá. O crime chegou a ser relacionado ao governo russo e também a Berezovsky, de quem o antigo espião teria se tornado amigo.

Perepilitchny

No final do ano passado, o financista e empresário russo, Alexander Perepilitchny, de 44 anos, foi encontrado morto nas proximidades de onde morava, logo após uma corrida matinal. A morte, que a princípio havia sido tratada como natural, embora rara, continua sendo investigada. Este matemático de inteligência reconhecida e preparado na União Soviética, nas melhores escolas, para lidar com engenharia espacial, ficou rico no mercado financeiro e se mudou para a Inglaterra há três anos. Tinha uma carteira de clientes influentes e era considerado testemunha importante no caso Magnitsky.

Magnitsky

Advogado do fundo de investimento Hermitage, um dos maiores atuando na Rússia, Sergei Magnitsky foi encontrado morto em 2009 numa prisão de Moscou após ter denunciado uma operação de lavagem de dinheiro que teria por trás funcionários públicos russos.

Patarkatsichvilli

Mais tarde, um georgiano próximo de Berezovsky, Badri Patarkatsichvilli, de quem teria sido sócio e aliado político, também apareceu morto em sua casa na capital britânica. As causas da morte deste empresário de 52 anos primeiro foram relacionadas à Rússia e depois à Geórgia, mas acabaram sendo atribuídas a problemas cardíacos.

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