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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden| Foto: EFE/EPA/TING SHEN / POOL

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês) criou um Conselho de Governança da Desinformação, que teria o papel de arbitrar o que é verdadeiro e o que é falso na internet. Fundado sob o pretexto de garantir a segurança das fronteiras e dos norte-americanos, o novo órgão do governo Joe Biden tem sido apontado como uma espécie de “Ministério da Verdade”, do clássico “1984”, de George Orwell.

O anúncio foi feito pelo diretor do DHS, Alejandro Mayorkas, em 27 de abril, dois dias depois da notícia da compra do Twitter por Elon Musk, que prometeu restaurar a liberdade de expressão na plataforma.

Ironicamente, o Conselho será comandado por Nina Jankowicz, a “especialista em desinformação” ouvida pela imprensa quando o caso do laptop de Hunter Biden veio à tona, em 2020.  Na época, e-mails encontrados em um computador levado a uma loja de conserto (e nunca procurado pelo dono) sugeriam que Hunter usava o nome e o cargo do pai para enriquecer, com evidências de envolvimentos comprometedores de Joe Biden.

“Devemos vê-lo como um produto da campanha de Trump”, disse Jankowicz à agência de notícias Associated Press, na ocasião, ligando o caso a uma suposta conspiração russa. Pouco mais de um ano depois, a grande imprensa norte-americana admitiu que o computador pertencia mesmo ao filho de Biden.

Nesta semana, ao ser questionado no Senado sobre o assunto, Mayorkas disse que não sabia que Jankowicz classificou o laptop de Hunter Biden como “desinformação russa”. “Eu não sabia disso, mas não discutimos o processo de contratação interna. Em última análise, como secretário, sou responsável pelas decisões do Departamento de Segurança Interna”, respondeu ele ao senador republicano da Louisiana John Neely Kennedy, segundo o New York Post, mesmo jornal que trouxe à tona o caso, em 2020.

A “czarina da desinformação” de Biden também protagonizou episódios controversos na internet, como uma sugestão à censura de memes, em janeiro de 2021. Em postagem no Twitter, ela criticou a “criatividade maligna”, cujo conteúdo codificado dificultaria “detectar e aplicar” sanções “contra abuso e desinformação de gênero online”.

Um mês depois, Nina Jankowicz apareceu no TikTok, cantando um jingle sobre desinformação, ao som de Mary Poppins. “A lavagem de informações é realmente muito feroz. É quando um mercenário pega algumas mentiras e as faz parecer precoces, dizendo-as no Congresso ou em um meio de comunicação, para que as origens da desinformação sejam um pouco menos atrozes”, parodiou.

“Passo em direção à tirania”

A suposta missão do novo conselho, de acordo com os EUA, seria conter “desinformações” com influência em assuntos como eleições, COVID-19, segurança nacional, migração irregular e Rússia. A possibilidade de que o órgão seja um meio legal de rotular de “desinformação” tudo o que desfavoreça o governo tem preocupado republicanos e analistas norte-americanos.

“Eles querem poder divulgar narrativas falsas sem que as pessoas possam falar e revidar, mas não vamos deixar Biden escapar impune, então vamos lutar”, opinou o governador da Flórida, Ron De Santis, do Partido Republicano, ao saber da notícia.

“Este novo escritório deve ser considerado um ministério da pior espécie de propaganda. Provavelmente se concentrará em censurar ou negar qualquer coisa que faça o governo Biden e os democratas parecerem piores do que já são – uma tarefa difícil, devido aos números em declínio nas pesquisas”, apontou o colunista Cal Thomas, autor de diversos livros, como “Data de expiração da América: A queda dos impérios e superpotências e o futuro dos Estados Unidos” [tradução livre].

O senador republicano Marco Rubio, da Flórida, classificou como “alarmante” que Joe Biden queira “levar a América pelo mesmo caminho” de ditaduras como China, Cuba e Nicarágua. “Como seus paralelos em Pequim, Havana e Manágua, os marxistas americanos querem usar o governo para reprimir a dissidência e impor suas doutrinas a toda a população. Este novo escritório de censura dá a eles uma ferramenta poderosa para fazer isso”, alertou, em artigo publicado pela revista National Review.

Na opinião de Rubio, um conselho de desinformação governamental, liderado por alguém que “estremece” diante dos “absolutistas da liberdade de expressão", é um perigoso “passo em direção à tirania”.

“Isso [a história do laptop Hunter Biden] não torna Jankowicz culpada de espalhar desinformação? Ela ainda não divulgou uma retratação completa de sua alegação, no entanto, levantando preocupações de que ela seja ainda mais partidária do que a mídia tradicional”, critica. Segundo ele, o órgão “deve ser parado. Tem que ser desfinanciado. E farei tudo o que puder para garantir que esse ataque à nossa liberdade não se mantenha”.

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