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Argentinos deixam mensagens de apoio aos 44 membros da tripulação do submarino desaparecido | EITAN ABRAMOVICH/AFP
Argentinos deixam mensagens de apoio aos 44 membros da tripulação do submarino desaparecido| Foto: EITAN ABRAMOVICH/AFP

O capitão de Mar e Guerra da Marinha brasileira José Américo Alexandre Dias disse, na tarde desta quarta-feira (22), que é cedo para afirmar que o submarino argentino desaparecido, ARA San Juan, está prestes a ficar sem oxigênio. Um novo ruído também foi detectado nesta quarta, a 30 milhas náuticas (55,6 km) ao norte da última comunicação.O porta-voz da Marinha argentina disse, no entanto, que o órgão prefere não fazer conjecturas sobre o que essa anomalia hidroacústica representa. O caso está sendo investigado.

O ARA saiu de Ushuaia, no extremo sul do país, e estava em um exercício de vigilância. A embarcação com 44 tripulantes voltava à base em Mar del Plata, ao norte, quando desapareceu no último dia 15. Há a suspeita de que houve falha nas baterias utilizadas na propulsão da embarcação.  

O capitão de Mar e Guerra da Marinha brasileira explicou que, mesmo com o estoque acabando, há diversos mecanismos que garantem oxigênio ao submarino, inclusive tanques para momentos de emergência. As afirmações são baseadas em hipóteses, já que não se sabe ainda a condição atual do submarino, bem como o que o fez perder as comunicações com a superfície.

Outros três supostos indícios do navio foram descartados nesta manhã. Os mais recentes haviam sido a detecção de sinalizadores de emergência pelo navio britânico Protector e o de uma mancha de calor localizada por um avião da Marinha dos EUA, a 70 metros de profundidade.  

Oxigênio

O submarino ARA San Juan possui tanques de oxigênio para casos de emergência, como um incêndio a bordo. Há uma tubulação em que a tripulação pode conectar máscaras para respiração. Também é possível reduzir de forma sensível as operações humanas a fim de diminuir o consumo de oxigênio a bordo.  

O navio tem diversas formas de "reabastecer" o oxigênio para a tripulação. A principal delas é captação de ar na própria superfície. Os submarinos do tipo convencional - caso do equipamento argentino desaparecido - recarregam as baterias por meio de um sistema ativado quando ele sobe à superfície. Geralmente, durante esse processo ocorre a chamada "renovação atmosférica", quando o oxigênio é captado acima do mar.  

Há também as chamadas "velas de oxigênio", que são mecanismos semelhantes ao do snorkel no mergulho. Uma espécie de tubo é enviado à superfície para captar ar. Para isso, é preciso que o submarino esteja a pelo menos quinze metros da superfície.  

Não se sabe, contudo, se o navio está ou não preso no fundo do mar. Além dos tanques de emergência e das formas de buscar ar na superfície, existe ainda um procedimento químico para renovação do ar no submarino. Há produtos químicos que, a depender de seu manuseio, liberam oxigênio. Esse é o caso do produto chamado "cal sodada". Os submarinos possuem compartimentos e equipamentos que transformam a cal sodada em oxigênio.  

"O submarino é um equipamento projetado para ficar oculto e por isso a dificuldade de rastreamento. Não é possível afirmar qual percentual de chance de salvamento neste momento, mas a esperança permanece. Também não é possível afirmar categoricamente que o oxigênio está prestes a terminar. São muitas variáveis envolvidas", disse o capitão de Mar e Guerra. 

"O corpo humano tem certa capacidade de conviver com oxigênio limitado, como ocorre por exemplo com as população que vivem em altas altitudes e ar rarefeito. Também não dá para dizer se foi na quarta passada, quando houve o último contato, que o navio fez a sua última recomposição dos estoques de oxigênio", acrescentou o oficial.  

Outras possibilidades

Há também mecanismos que podem ser usados para tentar fazer o submarino subir à superfície. Os chamados tanques de lastro, que são compartimentos que são enchidos de água para fazer o equipamento descer ao fundo do mar, podem ser enchidos de ar para que o submarino flutue. Esse tipo de mecanismo é acionado manualmente e a Marinha brasileira ainda não tem informações do motivo pelo qual ele não foi utilizado ainda.  

Uma outra forma seria evacuar a tripulação em trajes especiais de mergulho. Os tripulantes vestem uma espécie de escafandro moderno e uma parte do submarino é inundado com água do mar, expelindo os tripulantes por força da gravidade.  

É um risco, no entanto, adotar a medida caso o submarino esteja em águas muito profundas. As pessoas podem morrer por conta da pressão atmosférica. "Com base na literatura disponível e nos treinamentos ao redor do mundo, é possível dizer que essa medida pode ser adotada em até 150 metros abaixo da superfície, sem garantia total de sucesso", disse Dias.

Apesar dos recursos extensos, eles só podem ser utilizados quando a localização do submarino for determinada.

Apoio

O Brasil ajuda na operação de buscas com uma fragata equipada com sonar e um "telefone submarino", capaz de acessar a frequência utilizada pelo equipamento desaparecido. O navio brasileiro possui tripulação de 34 socorristas, um médico e um enfermeiro, além de compartimentos com sala de cirurgia e equipamentos hospitalares.  

Uma segunda embarcação, o navio polar Almirante Maximiano, possui um sonar de grande capacidade que mapeia o fundo do mar. Um terceiro navio é o Navio de Socorro Submarino Felinto Perry, que possui as chamadas "cápsulas" que podem acessar o submarino no leito do oceano.  

As Forças Armadas argentinas têm empregado todo tipo de embarcações e aviões nas buscas, de barcos científicos e corvetas a aviões de guerra, além de ter aceitado a ajuda nas buscas, inclusive, de navios pesqueiros.   

A Argentina também aceitou ajuda dos Estados Unidos para enviar o avião explorador da NASA P-3. O Reino Unido também ofereceu apoio nas buscas pelo ARA San Juan e disponibilizou um avião Hércules que opera nas ilhas Malvinas (Falklands, para os britânicos).  

Outros países que manifestaram ajuda ao governo argentino foram Uruguai, Chile, Peru, e África do Sul, segundo informações do jornal argentino “Clarín”.

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