Compartilhamento de bicicletas custou US$ 25 milhões a Montréal| Foto: Graham Hughes /The New York Times

A história da empresa que movimenta os programas de bicicletas compartilhadas em Nova York, Londres, Chicago começou com um departamento municipal de estacionamento do Canadá.

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A companhia passou pelo tribunal de falências e ganhou mais uma chance de viabilidade corporativa no litoral de Madagascar, durante a temporada anual de desova das tartarugas-verdes.

Observando esse ritual no ano passado, Bruno Rodi, um empreendedor imobiliário canadense, viu como esses répteis em risco de extinção são ameaçados pela mudança climática, a poluição e os caçadores. As tartarugas desencadearam um surto de empreendedorismo ambiental nele.

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A bordo de um navio no oceano Índico, ele ouviu falar que uma empresa de compartilhamento de bicicletas, hoje conhecida como PBSC Urban Solutions, estava à venda.

Por um telefone via satélite, ele ofereceu cerca de US$ 4 milhões (R$ 10,4 milhões) para salvar a empresa da falência.

O núcleo da empresa internacional era sólido, concluiu Rodi, um multimilionário que também é dono de uma companhia de móveis canadense.

Como gosta de dizer, é o "Rolls-Royce dos sistemas de bicicletas compartilhadas", com equipamento e estações de serviço com Wi-Fi movido a energia solar.

Mas a companhia, que foi fundada pela cidade de Montréal, estava sem capital e paralisada por problemas de software. A concordata apenas aumentou seus problemas, pois a empresa enfrentava falta de peças e produtos, além da concorrência.

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Nos primeiros tempos, a PBSC foi uma das poucas companhias a se dedicar ao compartilhamento de bicicletas, fazendo dessa a opção preferida de muitas cidades.

Hoje a empresa, que fornece sistemas para 15 cidades, tem que competir com um número crescente de fornecedores de equipamento e tecnologia sofisticados. Alguns desses novatos a superaram com aplicativos para celulares que dão acesso às bicicletas.

Rodi contratou mais de 20 desenvolvedores para solucionar os problemas de software da PBSC.

Quando Montréal adotou o compartilhamento de bicicletas, em 2009, as autoridades apenas queriam facilitar a locomoção dos usuários de transportes públicos.

Mas a Câmara de Vereadores não quis pagar pelo sistema, conhecido como Bixi. Então ela fundou o serviço em parte mediante taxas pagas pelos usuários e anúncios nas bicicletas.

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Para pagar pelo restante, as autoridades pretendiam criar uma empresa internacional que venderia sua tecnologia patenteada de compartilhamento de bicicletas para outras cidades do mundo.

Um dos maiores atrativos era a própria bicicleta. Em vez de usar equipamento barato, vulnerável a vandalismo e problemas técnicos, o desginner Michel Dallaire criou um veículo durável, embora caro.

A empresa também desenvolveu estações independentes, com energia de painéis solares e Wi-Fi para transferência de pagamentos e operação de dados.

Mas os custos foram mais altos do que se previa e a companhia teve dificuldades para pagar os fornecedores. A crise atingiu o auge em 2013, em meio a disputas com fornecedores por pagamentos, escassez de bicicletas e de peças.

O prefeito de Montreal, Denis Coderre, colocou a Bixi em concordata em 2014. A cidade manteve o sistema de compartihamento de bicicletas e vendeu a unidade de sistemas. O prejuízo foi de US$ 25 milhões (R$ 65 milhões).

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Depois de comprar a PBSC, Rodi se concentrou em vender hardware e software para terceiros.

A mensagem, disse Rodi, tem repercussão maior na América Latina. Guadalajara, no México, começou a operar um sistema feito pela PBSC. "Estamos voltando ao nosso negócio principal, que foi construir essa máquina", disse Rodi.