Curitiba Embora não haja crescimento econômico que compense um único crime, não se pode negar a eficiência de algumas políticas do governo militar que estabeleceram a base da hoje próspera economia do Chile. O país é o que mais cresceu na América Latina nos últimos 20 anos, em parte por causa das reformas realizadas durante a ditadura e preservadas pelos governos democráticos e de esquerda que se seguiram. Daqui a alguns anos, o Chile pode se tornar o primeiro país da região a erradicar a pobreza extrema, além de ser tida como certa a sua entrada no grupo dos países mais desenvolvidos do mundo, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A partir do golpe militar que derrubou Salvador Allende, em 1973, a economia do país passou a ser gerenciada pelos chamados "Chicago Boys" a turma da escola de economia da Universidade de Chicago, que defendia o livre mercado. No poder, eles iniciaram o enxugamento da máquina pública: reformaram a Previdência e privatizaram estatais. O país, pequeno, sem poder contar com o mercado interno para a modernização, foi alvo de uma bem-sucedida política de abertura econômica. O grupo de Milton Friedman desvalorizou a taxa de câmbio real e diversificou a pauta de exportações. Minério à frente, outros produtos chilenos tornaram-se competitivos, como o salmão e a uva. Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) revelam que o Chile cresceu 209% entre 1983 e 2004. No mesmo período, a Argentina cresceu 40%, o México 65% e o Brasil 72%.
Abertura comercial
Outra medida que passou a diferenciar o Chile dos demais países latino-americanos foi a não-integração do país com os mercados comuns da região. Em 1976, o ditador Augusto Pinochet ordenou a saída do Chile do Pacto Andino (posteriormente nomeado Comunidade Andina das Nações CAN). "Ao sair desse processo de integração, o Chile passou a ter como maior parceiro os Estados Unidos. Hoje, o Chile tem uma política comercial livre, na mesma linha do México e da Coréia do Sul. O país ganhou competitividade no plano mundial", diz o professor Hugo Eduardo Meza Pinto, professor de Economia do UnicenP e das Faculdades Santa Cruz.
Então, a economia chilena é um exemplo a ser seguido? O economista Ricardo Rondinel, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), é co-autor de um estudo que tenta responder à pergunta. A resposta, segundo ele, é: sim, em parte. Apesar do crescimento expressivo das últimas duas décadas e da queda no índice de pobreza, o nível de desigualdade pouco se alterou nesse período (veja quadro ao lado). "Pelo lado do equilíbrio da política macroeconômica, o Chile é um bom exemplo, mas não como modelo de distribuição de renda. O que podemos aprender da experiência chilena é que não basta a economia crescer. O mercado sozinho não resolve o problema", diz Rondinel.
Chile Solidário
Em 2002, o governo socialista do ex-presidente Ricardo Lagos lançou o Chile Solidário, um programa de proteção social voltado para famílias e indivíduos vivendo em situação de extrema pobreza. Uma das bandeiras do programa é profissionalizar essas pessoas carentes. A primeira turma com 250 mil pessoas está se formando agora, então o impacto do programa na sociedade ainda é desconhecido.
O fato é que em termos de crescimento e desenvolvimento, o Chile já encontrou seu caminho. Falta melhorar a qualidade de educação e distribuir melhor a renda das família, problema também conhecido dos demais países da América Latina. Ao contrário dos outros, porém, os chilenos conseguem manter a essência da política econômica mesmo com a alternância de governantes. "A política econômica muda muito pouco. Respeita-se as regras de mercado. Isso aí atrai mercados de capitais", afirma Rondinel.
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