Paris A chanceler alemã Angela Merkel está a meio caminho do seu mandato, que terminará em 2009. Para marcar a data ela reuniu seu governo no precioso castelo barroco de Meseberg. Esse governo é duplo: de um lado os cristãos democratas da União Democrata Cristã (CDU) e de outro os socialistas do Partido Social-Democrata (PSD). Uma tal união poderia parecer fácil de quebrar. No entanto, Merkel, brilhantemente, superou todos os obstáculos.
Jamais um chanceler alemão conheceu tamanha popularidade. Três alemães em quatro querem que ela seja reconduzida em 2009. Uma façanha que pode fazer sonhar Bush, em plena queda, ou até o pomposo francês Nicolas Sarkozy que, com certeza, continua popular mas vê as sombras aumentarem.
A comparação entre esses dois dirigentes europeus se justifica. Os dois países são fascinados um pelo outro. Além disso, o estilo de Merkel é a antípoda do de Sarkozy. O francês, que comemora seus 100 dias no poder, faz de suas ações um teatro fabuloso. A cada dia, uma nova "piada", uma proeza, uma ação estrondosa: a libertação das enfermeiras búlgaras, Ingrid Betancourt e as Farc, o "cachorro quente" com Bush, nos Estados Unidos, o envio de um ministro ao Iraque, que ainda não se sabe a razão.
Sarkozy faz uma encenação da sua própria pessoa. Não dormindo nunca, correndo de um enterro para uma partida de futebol, rindo chorando, beijando em público,sempre que pode, sua bela, caprichosa e rebelde mulher, Cecilia, dando dez entrevistas ao mesmo tempo, ele é, sozinho, o governo inteiro, que parece ter desaparecido no nada.
Que diferença com essa dama que governa a Alemanha! Mas, se considerarmos os resultados, a discreta alemã faz mais do que o genial francês. A economia francesa, bem longe de desabrochar, graças à palavra do "mágico", tosse e perde o fôlego. Não atingirá os prometidos 2,5% de crescimento, o que deverá causar déficits orçamentários enormes, uma astenia do comércio exterior o retorno do desemprego, etc.
A laboriosa Merkel, pelo contrário, mostra um balanço resplandecente.
A Alemanha está de retorno. Seu comércio exterior voltou a ser um dos mais competitivos do mundo. O desemprego está no seu nível mais baixo em 15 anos. O crescimento está em alta. A Alemanha saiu da crise, é o motor e a estrela da Europa, enquanto que a França é o elo fraco.
No entanto, o céu de Merkel tem algumas nuvens. Seu governo é heterogêneo, composto de dois irmãos inimigos: a direita (CDU), que quer ampliar o liberalismo; e a esquerda (PSD) que exige aumentos dos salários.