Não importa quão frequentemente o Hamas diga que os desordeiros da fronteira Israel-Gaza estão armados, a mídia os refere como manifestantes. Não importa o quão frequentemente o Hamas diga que esses desordeiros fazem parte de uma guerra mais ampla, a mídia simplesmente não informará como tal. E, apesar de que esses desordeiros asseguram aos jornalistas que tenham o desejo de matar e queimar os judeus, os jornalistas e analistas de esquerda continuarão classificando Israel como agressor.
Na semana passada, um líder do Hamas disse que 50 das quase 60 pessoas mortas pelas Forças de Defesa de Israel na fronteira com Gaza eram membros do grupo terrorista. Israel identificou 24 dos mortos como integrantes do Hamas, 10 dos quais eram membros do aparato de segurança interna. Tudo isto é uma grande coincidência, considerando que que os confrontos tem sido retratados como um massacre de civis inocentes e de crianças.
Estímulo ao martírio
O Hamas, é claro, não tem problema em se gabar destas mortes, mas esta é a meta. Se você vai incorporar terroristas armados em uma gangue que foi propagandeada, paga, coagida e depois enviada para instalações militares e centros civis do outro lado da fronteira, você está contando com mortes. Porque o martírio é o objetivo.
Os apologistas do Hamas continuam argumentando que Gaza é uma prisão a céu aberto. Isto só é verdade se você considerar se as pessoas se trancam como prisioneiros.
O governo que controla a região, que chegou ao poder por meio de um violento golpe contra os moderados após Israel dar autonomia a Gaza, não aceitará quaisquer leis internacionais ou valores que possibilitem uma convivência pacifica com seus vizinhos. Hamas administra um proto-Estado do terror. E o Irã, um Estado que fomenta o terrorismo, continua a enviar armas para o braço militar do Hamas.
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Agora, é verdade que esta entidade não é tão poderosa ou desenvolvida quanto seus vizinhos. Mas a al-Qaeda, o Estado Islâmico e o Talibã não são tão sofisticados quanto os Estados Unidos. Ninguém vai qualificar estes grupos de vítimas. A ideia é que Israel deveria permitir o livre reinado de seus inimigos em territórios próximos não condiz com as práticas e ideais de qualquer outra nação livre no mundo.
E, apesar de ser raramente destacado, o Egito também fechou as fronteiras com Gaza durante a maior parte da década, não apenas porque o Hamas é financiado pelo Irã, seu inimigo, mas também porque o Hamas está alinhado com numerosos outros grupos que apoiam métodos violentos e teocráticos.
Grupo não está sozinho
Apesar do que foi noticiado, a mudança da embaixada americana para Jerusalém Oriental não é a causa das manifestações. O Hamas não a reconhecia quando estava em Tel Aviv. Ele não reconhece a soberania israelense sobre qualquer território. E não está sozinho.
O precursor da Fatah, a Organização para a Libertação da Palestina foi formada antes da unificação da capital judia em 1967. Desde então, não há um líder palestino que tenha dito que Israel poderia ter soberania sobre qualquer parte de Jerusalém.
Desde então, os palestinos nunca agiram com moderação em relação ao estado de Jerusalém. Suas fantasias distantes com relação ao direito de retornar – o mito histórico do Nakba – os consomem. É isto que dificulta um acordo.
O Fatah, a ala moderada do governo palestino e que nega o Holocausto, administra um fundo destinado às famílias daqueles que morrem ou são presos por realizarem ataques contra judeus. Graças à ajuda internacional, tem sido possível aumentar generosamente estes pagamentos.
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Agora, imagine com o que a ala deste movimento extremista parece. Os tumultos não são motivados pela privação econômica, mas pela frustração do Hamas, cujas tentativas de atentado suicida foram frustradas e cujas tentativas de disparar mísseis contra Israel foram prejudicadas pelo sistema de defesa chamado Domo de Ferro.
Se a luta fosse por comida e abrigo, os manifestantes iriam se dirigir aos prédios do governo em Gaza, ao invés de se afastarem dos caminhões israelenses que lhes trazem ajuda humanitária. Neste ponto, é sabido que Israel repetidamente demonstrou disposição em fazer a paz com quem deseja-la.
O fato de que os membros do Hamas estão dispostos a sacrificar suas vidas e as dos seus cidadãos não sugere que eles não sejam os instigadores ou a parte culpada.
Obsessão da mídia
Há uma obsessão na mídia com o número desproporcional de palestinos que morrem nos conflitos. Alguns não conseguem escapar do modelo de notícias que foca em opressores e oprimidos. Outros permitem que sua obsessão por Donald Trump obscureça sua visão da situação, sem mencionar a sua moralidade.
O fato é que se o Hamas desistir de suas reivindicações sobre Israel e parasse de usar todas as oportunidades oferecidas para instigar a violência, nem um único palestino teria de morrer nessa guerra.
David Harsanyi é editor de The Federalist