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O presidente americano, George W. Bush, afirmou nesta segunda-feira que não vai julgar com antecedência o relatório que será elaborado por um painel sobre o Iraque, informou a agência AP. Bush se reuniu com membros do comitê, que tem o objetivo de traçar uma nova estratégia para a ação americana no país árabe.

O relatório do grupo, composto por dez integrantes divididos igualmente entre republicanos e democratas, é o mais esperado do país desde a Comissão do 11 de Setembro, que apontou as falhas que possibilitaram os atentados de 2001 nos EUA.

- Não tenho certeza do que o relatório vai dizer. Espero vê-lo - afirmou o presidente, após a reunião, que passou do tempo previso inicialmente, uma hora e quinze minutos.

No entanto, Bush fez um alerta a democratas que querem reduzir o número de tropas americanas no Iraque, afirmando que deveriam considerar as condições no território.

- Eu acredito que é importante sermos bem-sucedidos no Iraque, não apenas pela nossa segurança mas pela segurança no Oriente Médio. Estou aguardando idéias interessantes - acrescentou.

O grupo de estudo independente é liderado pelo ex-secretário de Estado James Baker, um republicano que é amigo da família Bush, e pelo ex-deputado democrata Lee Hamilton. O relatório será entregue a Bush e o Congresso americano no mês que vem.

O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, deu poucos detalhes sobre o encontro do presidente com o comitê. Ele apenas ressaltou que o grupo ainda não apresentou suas alternativas a Bush. Segundo o porta-voz, isto seria inapropriado devido à independência do painel.

Uma das opções que o painel estaria considerando é a de Washington abrir diálogo com o Irã e a Síria, acusados pelo governo Bush de apoiar o terrorismo e estimular a instabilidade no Iraque.

A onda de violência sectária no Iraque acabou influenciando na eleição de um Congresso majoritariamente democrata. Curiosamente, a derrota republicana aumentou a importância do papel dos democratas no relatório: o partido, que se opõe à forma como Bush articula a presença americana no Iraque, é acusado de não ter proposto uma alternativa até hoje.

Com isso, o relatório é visto com bons olhos por muitos republicanos, que acreditam que com isso poderão dividir as responsabilidades nas decisões sobre o Iraque, e esconder falhas de Bush em relação à guerra. Bush, inclusive, escolheu como novo secretário de Defesa um até então membro do grupo, Robert Gates.

— Temos que chegar a um acordo. E isso pode não ser possível — reconheceu Lee Hamilton, referindo-se ao Partido Democrata.

E as pressões são grandes. No domingo, o senador democrata Carl Levin, que não faz parte do grupo, deixou claro que muitos no partido exigem uma mudança radical. Sua opinião tem peso, pois ele assumirá o cargo de presidente da Comissão de Forças Armadas do Senado em janeiro.

— As pessoas querem uma mudança de curso no Iraque — disse Levin. — Precisamos iniciar uma retirada gradual de forças dentro de quatro a seis meses - afirmou.

Em entrevista ao programa de Wolf Blizter, da CNN, o chefe de equipe da Casa Branca, Joshua Bolten, disse que os Estados Unidos estão dispostos a fazer "ajustes de curso'' no Iraque , mas sem abandonar seus objetivos de democracia e estabilidade.

A reunião desta segunda-feira foi o início de três dias de intensas discussões entre o governo e o grupo de estudos.

Na terça-feira, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, também participará de uma das reuniões via videoconferência. Segundo relatos, o premier estaria ansioso para dar a sua versão dos fatos, uma vez que esteve ao lado de Bush na tentativa de convencer a comunidade internacional de que havia motivos para a guerra.

Sua decisão está provocando polêmica em seu país. Críticos dizem que Blair quer falar sobre a guerra para uma comissão americana ao mesmo tempo em que se nega a prestar esclarecimentos à opinião pública britânica. Semana passada, deputados trabalhistas conseguiram impedir uma convocação formal de Blair para explicar o papel do país na guerra.

— Isso é intolerável. É ao Parlamento britânico que ele deveria dar explicações — disse o líder dos liberal-democratas, Menzies Campbell.

No domingo, quatro soldados britânicos e três americanos foram mortos no Iraque. O dia foi marcado pelo maior atentado em semanas: um homem-bomba detonou os explosivos que levava junto ao corpo numa fila de recrutas, em Bagdá, matando 35 pessoas e ferindo 58. Em todo o país, mais de cem morreram em ataques. Horas depois do atentado, o premier iraquiano, Nuri al-Maliki, anunciou que fará uma mudança no gabinete.

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