Os debates sobre Israel e Palestina voltam a se intensificar nesta semana com a possibilidade de a Autoridade Nacional Palestina (ANP) apresentar na Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) o pedido de reconhecimento do Estado palestino.
Um dos motivos que levaram os palestinos a fazer esse apelo é a morosidade nas negociações com Israel. "Nos últimos dez anos o processo está parado. É um caminho político que não necessariamente vai funcionar, mas é uma via de pelo menos tornar o assunto público novamente", diz Cristina Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Para que os palestinos possam aderir plenamente à ONU é preciso haver aprovação no Conselho de Segurança. Mas os Estados Unidos, aliados de Israel, já prometeram vetar a proposta. Sem o aval do Conselho, resta à Palestina solicitar reconhecimento aos membros da Assembleia Geral da ONU. Nesse caso, seria preciso obter o apoio de pelo menos dois terços dos 193 países da Assembleia. Desde o dia 21 de setembro, a "Campanha Nacional pela Palestina, 194.º Estado" vem agregando apoio de diversos países da comunidade internacional e é grande a expectativa de que se consigam os 129 votos favoráveis.
Pesquisadores do assunto concordam que, ainda que o reconhecimento se concretize na Assembleia da ONU, isso estará longe de ser a solução para os conflitos históricos entre israelenses e palestinos. O professor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) Peter Demant explica que, nesse caso, a Palestina terá um "status menos prestigioso" do que se fosse aprovada no Conselho de Segurança, apenas como observador na ONU. "Será um Estado virtual sem território soberano efetivamente controlado, vulnerável às pressões econômicas e eventualmente militares dos israelenses."
Para Alexsandro Eugenio Pereira, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade Federal do Paraná (Nepri/UFPR), "a criação de um novo Estado no território da Palestina não pode ser obra de imposição da ONU ou das grandes potências".