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Conflito

"O povo vai dizer quem fica, não os EUA", diz presidente sírio

Assad nega o uso de armas químicas | Miguel Medina/AFP Photo
Assad nega o uso de armas químicas (Foto: Miguel Medina/AFP Photo)

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, foi enfático ao dizer que não renuncia, em entrevista ao jornal argentino "Clarín" publicada neste sábado (18). Foi a primeira vez que o herdeiro controverso de uma dinastia que governa com mãos de ferro há 42 anos concordou em falar com jornalistas do mundo hispano desde o início da guerra civil em março de 2011.

Com frieza mas com certa cordialidade, o presidente defendeu as duríssima ofensiva militar em todo o país e disse que só deixa o poder se houver eleições. Ele negou a veracidade do número de mortos (mais de 70 mil) reportados em relatórios da ONU, também julgou improcedente as acusações de que seu governo estivesse fazendo uso de armas químicas como o gás sarín e também negou que suas forças armadas, bem equipadas com armamentos fornecidas pela Rússia, estão usando força excessiva na repressão.

Em relação à proposta de Washington e Moscou para a realização de uma conferência internacional, o presidente concordou em discutir o fim da crise no país, mas se mostrou cético sobre os resultados.

O presidente sírio desafiou os Estados Unidos e outras potências ocidentais ao considerar que não há chances de se afastar, apelo feito pelo líder americano Barack Obama e o secretário de Estado John Kerry.

"Renunciar é fugir", disse Assad. "Eu não sei se Kerry ou outro receberam poder do povo sírio para falar em seu nome sobre quem deve ir e quem deve ficar. Isso será determinado pelo povo sírio nas eleições presidenciais de 2014".

Questionado se as eleições serão realizadas em um ambiente de liberdade irrestrita à imprensa e aos observadores internacionais, Assad afirmou que a presença de observadores é uma decisão nacional.

"Uma parte do povo não pode tolera a ideia de observadores externos com base no conceito de soberania nacional. O povo sírio, além disso, não confia no Ocidente", disse ele, acrescentando que, caso venham observadores, que sejam de países amigos como a Rússia e a China.

Ele argumenta que o que acontece em seu país é uma irrupção do que ele considera terroristas internacionais apoiados pelas potências ocidentais e também da região comoTurquia, Qatar e Arábia Saudita.

"Vários elementos internos e externos contribuíram para a crise, o mais importante é a intervenção estrangeira", afirmou. "Nós temos uma iniciativa política que inclui diálogo. Mas, em relação aos terroristas, ninguém quer falar com um terrorista. O terrorismo deu um golpe nos EUA e na Europa, embora nenhum governo tenha conversado com os terroristas. Um dialoga com as forças políticas, mas não um que degola, mata, usa gases tóxicos".

A conferência no fim de maio, em Genebra, na sequência do acordo entre Washington e Moscou, o maior aliado de Damasco, gerou forte expectativa no mundo, mas Assad não parece acreditar nos resultados esperados.

"Recebemos bem uma aproximação russo-americana, e espero que seja realizado um encontro internacional para ajudar a Síria a superar a crise. Mas não pensamos que muitos países ocidentais querem realmente uma solução para a Síria. E não acreditamos que muitas das forças que apoiam os terroristas querem uma solução para a crise", afirmou. "Temos que ser claros, há confusão no mundo entre política e terrorismo. Eles acreditam que uma conferência política pode acabar com o terrorismo. Isso é irreal".

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