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A PRIMEIRA SEMANa

O presidente objetivo

O primeiro dia de trabalho incluiu a ordem para encerrar os julgamentos em Guantánamo e fechar a prisão dentro de um ano | Pete Souza/AFP
O primeiro dia de trabalho incluiu a ordem para encerrar os julgamentos em Guantánamo e fechar a prisão dentro de um ano (Foto: Pete Souza/AFP)
Veja o que Barack Obama já fez como presidente dos Estados Unidos |

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Veja o que Barack Obama já fez como presidente dos Estados Unidos

Veja o que ele promete fazer |

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Veja o que ele promete fazer

Os primeiros dias de Barack Obama no poder mostram que o novo presidente dos Estados Unidos tem um estilo pragmático, organizado e preocupado em mostrar que a exaustiva repetição do termo "mudança" durante a campanha não foi só um golpe de marketing. Não por acaso, suas primeiras ações concretas – uma guinada na "guerra ao terror", com o fechamento da prisão de Guantánamo, e novas normas para garantir a transparência da administração – têm por trás o simbolismo de desfazer atos do governo George W. Bush.

Na terça-feira, o discurso de posse de Obama chamou a atenção por trazer críticas ao governo anterior e por repetir as promessas de campanha. As prioridades do novo governo têm dois focos principais: melhorar as condições de vida em território norte-americano e resolver os problemas complexos no Oriente Médio, importantes para garantir a segurança nacional. Recuperar a economia, mudar o sistema de saúde e melhorar a educação fazem parte do primeiro grupo de metas. Acabar com a guerra no Iraque e concentrar esforços para derrotar o Taleban e a Al-Qaeda no Afeganistão estão na segunda área.

A diferença do discurso de Obama para o que pregava Bush está nas sutilezas. Afinal, defender o estilo de vida norte-americano e prometer um país melhor para todos não é de todo original. "O discurso destacou o pragmatismo – o que funciona, em oposição ao que se encaixa em determinada ideologia", avalia Thomas Patterson, professor de ciências políticas da Universidade de Harvard. "As linhas divisórias às quais Bush frequentemente se referia estavam ausentes do discurso de posse de Obama e de tudo o que ele disse e fez desde então."

Esse estilo se reflete na maneira como Obama montou sua equipe. Ele chamou inúmeros especialistas da esfera de influência do ex-presidente Bill Clinton – incluindo a mulher, Hillary, que encabeça o Departamento de Estado.

Para o professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Antonio Jorge Ramalho da Costa, os primeiros sinais do governo Obama, desde a montagem de sua equipe até a forma como foram apresentadas suas primeiras medidas, mostram um estilo menos arrogante e mais sóbrio, pautado pela vontade de atingir objetivos claros. "Aquela posição do Bush de ser o dono da verdade sem levar em conta outros pontos de vista ficou para trás."

Apesar do jeito objetivo, Obama recebeu as primeiras críticas justamente por ter deixado vazios em seu discurso de posse. O conflito entre israelenses e palestinos, uma prioridade de sua política externa, ficou escondido nas entrelinhas – Robert Fisk, colunista do jornal britânico Independent, chamou a atenção para o fato de as palavras "Israel" e "Palestina" não terem sido citadas pelo presidente.

Diz o especialista em Oriente Médio Renatho Costa, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo: "Israel aproveitou uma lacuna de poder para impor uma ação desmedida sobre a Faixa de Gaza nas últimas semanas. O conflito seria uma prioridade na agenda de Obama somente depois de resolvida a guerra no Iraque. Ele foi pego de surpresa e agora terá de formular um discurso".

Outra lacuna no discurso de posse foi apontada pelo Prêmio Nobel de economia Paul Krugman. Ele esperava uma definição mais forte sobre as origens da crise no sistema financeiro e sobre as decisões difíceis que o governo teria de tomar logo no começo do governo para tirar o país do buraco. "O desafio maior é retomar a legitimidade do poder do governo dentro e fora de casa. Por isso ele enfatizou a necessidade de novas políticas sociais e para criar empregos", diz Cristina Pecequilo, professora de relações internacionais da Unesp. "As primeiras ações são bastante simbólicas para mostrar a volta às tradições democráticas e preparam o terreno para aprovar seus projetos."

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