Recentemente, o Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC) revelou detalhes de seu 14º Plano Quinquenal. Lançados desde 1953 na República Popular da China, esses documentos consistem em iniciativas de desenvolvimento social e econômico e são o principal guia do país nesse sentido. Ainda que alguns pontos tenham sido tornados públicos pelo Comitê Central do PCC, o plano completo não deve ser conhecido até março de 2021.
O maior objetivo da nação comunista até 2025 é se consolidar como uma potência tecnológica, priorizando o crescimento da qualidade em detrimento da velocidade. Ainda, o PCC enfatiza a necessidade de um desenvolvimento sustentável. Medidas para liberalizar o yuan, moeda oficial da República Popular da China, distribuída pelo Banco Popular do país, após sua recente valorização, também devem ser tomadas. Nos últimos tempos, a China vem relaxando de forma gradual seu controle sobre a moeda e os fluxos de capital.
Um dos pontos principais do plano diz respeito à consolidação de um mercado interno robusto, vez que a China fez da autossuficiência em tecnologia um pilar estratégico nacional. Afinal, a pandemia do coronavírus atingiu em cheio a economia mundial, o que levou Pequim a traçar um plano que utiliza recursos nacionais, bem como o consumo doméstico, para garantir o crescimento do país.
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O PCC não divulgou, contudo, como vai colocar essa estratégia em prática, chamada de “dupla circulação”, uma vez que envolve fornecedores e consumidores domésticos. O objetivo do país é conquistar a independência em áreas consideradas chave, como finanças e pesquisa científica. Além disso, Pequim deve focar em reduzir sua dependência de fornecedores estrangeiros quanto a produtos como alimentos, energia e semicondutores.
“Achamos que a China pode almejar um gasto maior em P&D (possivelmente 3% do PIB até 2025) e educação em seu novo plano de cinco anos. À luz das restrições de tecnologia, a China pode alocar mais recursos para pesquisa fundamental e de fronteira e áreas de gargalo de tecnologia”, escreveram em nota os economistas Wang Tao e Ning Zhang, do UBS Group, que analisaram o que foi divulgado do plano até então.
A respeito dos planos de digitalização de Pequim, os especialistas disseram acreditar “que a China vai investir mais em sua ‘nova infraestrutura’”, incluindo redes 5G, Inteligência Artificial (IA) e centros de dados.
Outros pontos
Ainda, de acordo com o partido, a China “basicamente formará um novo sistema de economia aberta em um nível superior”. Isso vai ao encontro das tensões crescentes entre Pequim e Washington. Por mais que o partido não cite diretamente os Estados Unidos, fala-se em “complicada situação internacional” – e o atual presidente dos EUA, Donald Trump, nunca escondeu, com sua política de “America First”, ser contra o avanço chinês.
Pequim também tem demonstrado uma maior preocupação em relação ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. Desde 2004 a China tem a maior pegada de carbono do mundo. Agora, o objetivo é atingir o pico para, em seguida, reduzir suas emissões totais gradualmente. Para tanto, almeja-se uma transformação no modo de produzir, que deve se tornar mais verde, e no estilo de vida dos chineses. O Comitê Central do PCC se comprometeu a buscar uma alocação razoável de recursos energéticos e aumentar a eficiência.
Outro ponto que deve ser destacado sobre o documento é o fato de o partido ter traçado planos para que desenvolvimento econômico e defesa estejam mais sincronizados. Essa definição vai ao encontro do propósito de Xi Jinping de construir um exército de classe mundial até 2049. Segundo comunicado divulgado pelo partido, busca-se “concretizar a unidade de um país próspero de um exército forte”, por meio da modernização da defesa.
Por fim, a Xinhua, agência de notícias oficial do governo chinês, afirma que a “a etiqueta social e a civilidade da China serão ainda mais reforçadas, enquanto os valores socialistas fundamentais serão adotados pelo povo. Espera-se uma melhoria significativa na integridade intelectual e moral das pessoas, nas qualidades culturais e científicas, bem como na saúde física e mental”.
Nesse sentido, investimentos significativos devem ser realizados nos sistemas de serviço cultural público e nas indústrias culturais, com a organização de atividades voltadas para o povo do país. O foco, conforme traz a Xinhua, é aumentar a influência da cultura da China e fortalecer a “coesão da nação chinesa”.
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