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Novo Legislativo

O que a nova Câmara dos EUA, dominada pelos republicanos, pretende investigar no governo Biden

O presidente americano Joe Biden com o ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca, na semana passada: ajuda ao país invadido pela Rússia é um dos pontos que os republicanos pretendem investigar (Foto: EFE/EPA/Oliver Contreras)

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Na próxima terça-feira (3), será aberto o 118º Congresso dos Estados Unidos, com o início dos trabalhos dos deputados federais e senadores dos últimos dois anos da gestão do democrata Joe Biden.

O partido governista manteve uma pequena vantagem no Senado, mas perdeu o controle da Câmara para os republicanos, que prometem abrir uma série de investigações contra o atual presidente.

Entretanto, mesmo que uma eventual investigação possa levar à aprovação de um impeachment de Biden na casa, sua saída é muito improvável: a Câmara dos Representantes pode aprovar o impedimento do presidente com uma votação com maioria simples, mas no Senado são necessários dois terços dos votos.

Porém, além de encaminhamentos à Justiça americana, investigações no Legislativo podem gerar desgaste político para Biden na eleição presidencial de 2024 – assim como os próprios democratas geraram constrangimento para os republicanos entre 2021 e 2022 com a investigação de um comitê da Câmara sobre eventuais responsabilidades do ex-presidente republicano Donald Trump (2017-2021) na invasão ao Capitólio de 6 de janeiro do ano passado.

Por sinal, a operação do FBI na residência de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, parte de uma investigação que apura se o ex-presidente levou documentos confidenciais da Casa Branca quando deixou a presidência, deve ser investigada, segundo sinalizaram deputados da oposição.

Confira outros pontos que os republicanos pretendem investigar:

Negócios de Hunter Biden

Uma das prioridades será investigar os negócios no exterior de Hunter Biden, filho do presidente, e se eles tiveram influência na presidência do pai e quando este foi vice de Barack Obama (2009-2017).

O deputado republicano James Comer, que deve ser o próximo presidente do Comitê de Supervisão e Reforma da Câmara, declarou recentemente que a investigação terá o objetivo de “apurar se essas atividades comprometem a segurança nacional dos Estados Unidos e a capacidade do presidente Biden de liderar com imparcialidade”.

Imigração

No último ano fiscal (1º de outubro de 2021 a 30 de setembro deste ano), os Estados Unidos registraram um recorde no número de flagrantes de migração ilegal na fronteira sul, com 2,7 milhões de registros. A maior marca anterior era de 1,9 milhão de casos, no ano fiscal de 2021.

Os republicanos querem investigar o que apontam como falta de policiamento na fronteira e articular o impeachment do secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas.

Benefícios durante a pandemia

James Comer disse à NBC que os benefícios que o governo pagou à população americana durante a pandemia de Covid-19 também receberão atenção da nova Câmara.

“Acreditamos que centenas de bilhões, senão trilhões de dólares, foram desperdiçados nos últimos três anos, de modo que é uma questão que abrange duas administrações [Trump e Biden], em nome da Covid-19”, justificou.

Retirada do Afeganistão

O republicano Michael McCaul, provável próximo presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, disse à emissora ABC que a desastrosa retirada dos Estados Unidos do Afeganistão no ano passado será investigada.

“A forma como a retirada foi feita foi um desastre e uma vergonha para os nossos veteranos que serviram no Afeganistão. Eles merecem respostas para as muitas perguntas que temos”, disse McCaul. “Por que não havia um plano de evacuação? Como tudo deu tão errado?”

Incentivo ao voto

Em março de 2021, Biden emitiu uma ordem executiva para que todas as agências federais, em parceria com organizações privadas, considerassem “maneiras de expandir as oportunidades dos cidadãos de se registrar para votar, obter informações e participar do processo eleitoral”.

O deputado republicano Bryan Steil, membro do Comitê de Administração da Câmara, disse ao site The Daily Signal que as “agências federais nunca devem ser utilizadas para fins partidários e políticos”.

“Com os republicanos obtendo a maioria na Câmara, vamos nos concentrar em facilitar o voto e dificultar fraudes”, afirmou Steil. “Anteriormente, nós manifestamos preocupações sobre ações potencialmente inconstitucionais e ilegais do governo Biden e continuaremos a lutar contra a intervenção federal nas nossas eleições.”

Ajuda à Ucrânia

Embora apoiem a ajuda americana à Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro, parlamentares republicanos têm criticado o que chamam de “cheques em branco” para Kyiv.

Na semana passada, quando o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, discursou numa sessão conjunta do Congresso americano em Washington, alguns deputados e senadores da oposição não compareceram e outros se recusaram a aplaudir a fala do chefe de Estado.

O atual líder da minoria na Câmara, Kevin McCarthy, candidato à presidência da casa, elogiou o discurso de Zelensky, mas reiterou seu argumento de maior responsabilidade nos repasses. “Minha posição nunca mudou. Apoio a Ucrânia, mas nunca apoio cheques em branco”, disse McCarthy à CNN.

Depois, o Congresso dos Estados Unidos aprovou um pacote de ajuda de US$ 45 bilhões para a Ucrânia, parte de um projeto de lei de financiamento do governo americano de US$ 1,66 trilhão até o fim do atual ano fiscal (30 de setembro).

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