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Venezuela

O que dizem as atas de votação que Maduro tenta esconder

María Corina Machado e Edmundo González, em manifestação em Caracas nesta terça-feira (30) (Foto: EFE/Ronald Peña R.)

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A Plataforma Unitária Democrática (PUD), principal bloco de oposição ao chavismo, informou na segunda-feira (29) que teve acesso a cópias de 73% das atas de votação da eleição presidencial na Venezuela, que comprovariam que seu candidato, Edmundo González, venceu o ditador Nicolás Maduro, contrariando o resultado oficial divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), dominado pelos chavistas.

Pouco depois, a PUD disponibilizou um site no qual é possível consultar os resultados por seção eleitoral. A Gazeta do Povo colheu na página uma amostragem de dados de dez locais de votação e essa análise corroborou a tese de fraude dos adversários de Maduro: em dez seções eleitorais escolhidas aleatoriamente pela reportagem, em Caracas e em outras regiões venezuelanas, González apareceu com mais votos do que Maduro em todas.

A ata de votação mostra os votos por candidato naquele local específico. Maduro aparece com dados separados em 13 códigos porque este era o número de partidos ou movimentos políticos da sua coalizão – inacreditavelmente, seu rosto e nome apareceram na cédula eleitoral este número de vezes.

González apareceu três vezes (e, portanto, seus votos aparecem sob três códigos diferentes nas atas) porque foi apoiado por três legendas ou movimentos políticos.

Além dessa divisão de votos, as atas de apuração contêm o nome e assinatura do presidente da mesa, do secretário, um membro de apoio, dois fiscais e um operador.

Confira abaixo os dados das seções eleitorais da amostragem feita pela Gazeta do Povo. Na ordem, aparecem o nome do município, o estado venezuelano onde está localizado e a seção eleitoral, e depois os votos dos dois principais candidatos.

  • Montes (Sucre) – Liceu Bolivariano Luis Beltrán Sanabria: Maduro – 290; González – 292
  • Libertador (Mérida) – Unidade Educativa Tulio Febres Cordero: Maduro – 56; González – 391
  • Bolívar (Anzoátegui) – Liceu Bolivariano Naricual: Maduro – 204; González – 285
  • Baralt (Zúlia) – Escola Básica Nacional Galanda Rojas de Contreras: Maduro – 159; González – 389
  • Guanare (Portuguesa) – Escola Técnica Comercial Quebrada de La Virgen: Maduro – 131; González – 275
  • Bolivariano Libertador (Distrito Capital) – Unidade Educativa Nacional Doutor Elias Rodríguez: Maduro – 291; González – 331
  • Alberto Adriani (Mérida) – Unidade Educativa Tovar: Maduro – 63; González – 374
  • Guaraque (Mérida) – Unidade Educativa Bolivariana Estado Arágua: Maduro – 130; González – 356
  • Diego Bautista (Anzoátegui) – Unidade Educativa Tomás Alfaro Calatrava: Maduro – 84; González – 407
  • Bolivariano Libertador (Distrito Capital) – Colégio Paroquial San Ramón Nonato: Maduro – 169; González – 354

Na segunda-feira, a líder opositora, María Corina Machado, havia afirmado que os 73% das atas a que a oposição teve acesso já davam um resultado favorável a González que tornava impossível uma vitória de Maduro, mesmo que as atas restantes dessem todos os votos para o ditador.

Nesta terça-feira (30), durante uma manifestação em Caracas, ela disse que os oposicionistas já haviam conseguido mais cópias das atas.

“Não vamos parar, já temos mais de 84% das atas computadas. São a prova irrefutável e irreversível de que vencemos. E não apenas vencemos, nós arrasamos! Hoje a Venezuela tem seu presidente: Edmundo González. O mundo inteiro sabe o que nós, venezuelanos, sabemos”, disse Machado, reiterando os pedidos internacionais para que o CNE disponibilize todas as atas de cada seção eleitoral, o que ainda não ocorreu.

“Por que eles estão demorando tanto? O que estão fazendo? Aí [nas atas] está a verdade, o triunfo de Edmundo González Urrutia”, disse a oposicionista.

O chavismo parece estar mais interessado em esconder as atas: segundo o projeto VE Sin Filtro, que monitora os bloqueios de sites venezuelanos, sete provedores de internet do país bloquearam o site onde a oposição divulgou os dados.

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