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Policiais fazem a segurança no centro de convenções La Nuvola, onde será realizado o encontro do G20
Policiais fazem a segurança no centro de convenções La Nuvola, onde será realizado o encontro do G20| Foto: EFE/EPA/Polícia do Estado italiana

Neste sábado (30) e domingo (31), Roma recebe o encontro de 2021 da cúpula do G20, o primeiro presencial realizado pelo grupo desde o início da pandemia de Covid-19 – que não será assim para todos, já que o ditador chinês Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin, por exemplo, devem participar apenas remotamente.

Com a 26ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP26) começando no domingo em Glasgow, no Reino Unido, parte das conversas deve tratar de metas de emissões de gases causadores do efeito estufa, mas o debate entre os líderes das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia terá muitos outros tópicos importantes do momento (ainda) pandêmico. Confira alguns dos assuntos que serão discutidos na Itália.

Energia

Com os preços da energia nas alturas e escassez de combustíveis, a reunião do G20 colocará à mesma mesa os maiores consumidores de energia do mundo e também vários dos maiores produtores – casos como o dos EUA abrangem as duas categorias.

Holger Schmieding, economista-chefe do banco Berenberg, avaliou em entrevista à Associated Press que “talvez a coisa mais importante que o G20 possa fazer é dizer àqueles que são grandes fornecedores de energia que devem pensar sobre seu futuro”.

Ele destacou que, se os preços da energia estiverem muito altos nos países desenvolvidos, a busca de alternativas aos combustíveis fósseis será acelerada, “o que é, em última análise, ruim para os fornecedores no longo prazo”.

Entretanto, Claudio Galimberti, vice-presidente sênior de análise da Rystad Energy e especialista em demanda do mercado de petróleo, acredita que poucas medidas efetivas sobre o assunto devem sair de Roma. “É improvável que o G20 possa tomar qualquer decisão que tenha impacto imediato”, disse, também à Associated Press.

Vacinação

O Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou esta semana que a pandemia de Covid-19 continua sendo a maior ameaça à recuperação da economia mundial, o que exige ações contra a desigualdade no acesso às vacinas.

O FMI, o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceram a meta de vacinação de pelo menos 40% da população de todos os países do mundo até o fim de 2021 e 70% até meados de 2022. Porém, cerca de 75 nações, a maioria delas na África, segue distante desses índices.

O FMI cobrou que o G20 invista US$ 20 bilhões a mais em subsídios para testes, tratamento, suprimentos médicos e vacinas e que cumpra a promessa de entregar mais de 1,3 bilhão de doses de imunizantes ao consórcio Covax Facility, das quais menos de 170 milhões foram entregues.

Dívidas dos países pobres

O FMI também ponderou que, embora alguns dos países mais pobres do mundo tenham sido beneficiados pela suspensão temporária dos pagamentos da dívida soberana aos credores oficiais por iniciativa do G20, é necessário acelerar a implementação de um quadro comum do grupo para a resolução da dívida.

“O essencial é dar mais clareza à aplicação do quadro e oferecer incentivos aos devedores para buscar soluções no âmbito do quadro assim que houver sinais claros de que o superendividamento esteja se agravando”, enfatizou Kristalina Gueorguieva, diretora-geral do FMI.

Imposto global

No encontro em Roma, os líderes do G20 devem dar um “ok final”, conforme expressão utilizada pelo assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, para a implantação de um imposto mínimo global de 15% sobre empresas multinacionais, com o objetivo de impedi-las de evitar impostos com a transferência de lucros para países com taxas mais baixas.

No início de outubro, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) anunciou um compromisso entre 136 países para a adoção do imposto.

Na segunda parte do acordo, o imposto mínimo global de 15%, que se aplicaria a empresas com receita de mais de 750 milhões de euros, precisaria ser aprovado pelos legislativos nacionais, segundo regras padronizadas desenvolvidas na OCDE.

Cadeias de abastecimento

Além da crise energética e da pandemia, a economia mundial também tem enfrentado problemas nas cadeias de abastecimento. Em análise no site do think tank americano Atlantic Council, dedicado a assuntos de relações exteriores, o ex-funcionário do FMI Jeremy Mark destacou que o tema deverá ser discutido em Roma, mas, como foi um “acréscimo de última hora” aos debates, a expectativa também é de pouco resultado prático.

“As principais causas dos problemas das cadeias de abastecimento - escassez global de contêineres e navios para transportá-los, falta de espaço em depósitos e de motoristas de caminhão nos Estados Unidos e escassez de energia na China, que está afetando a produção das fábricas - não serão resolvidas apenas com declarações do G20. Isso vai exigir meses de trabalho duro”, projetou.

Biden e Macron

Na véspera da abertura do encontro do G20, o presidente americano, Joe Biden, e o presidente francês, Emmanuel Macron, se encontraram pela primeira vez desde o anúncio do acordo militar Aukus, por meio do qual americanos e britânicos ajudarão os australianos a se equipar com submarinos com propulsão nuclear.

A França criticou a parceria, por ter encerrado um acordo bilionário que a Austrália havia estabelecido em 2016 com o francês Naval Group para a construção de uma nova frota de submarinos com propulsão a diesel e elétrica.

No encontro desta sexta-feira (29), Biden disse que os Estados Unidos foram “atrapalhados” no anúncio e que achava que Macron havia sido informado de que o acordo francês com os australianos não iria adiante. O americano afirmou que a França é um parceiro americano “extremamente valioso”, mas Macron depois deu uma alfinetada ao falar à imprensa: “Confiança é como o amor: declarações são boas, mas provas são melhores”.

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