Ouça este conteúdo
Nesta terça-feira (5), os Estados Unidos realizam a chamada “Super Terça”, como é chamado o dia de primárias simultâneas em vários estados americanos para a eleição presidencial de novembro.
O Partido Republicano realizará votações em 15 estados (Alabama, Alasca, Arkansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont e Virgínia) e no território da Samoa Americana.
Os democratas também realizarão primárias nesses locais, exceto no Alasca, e receberão os resultados da disputa interna em Iowa, onde os votos estão sendo enviados pelo correio.
Em eleições anteriores, a “Super Terça” era cercada de expectativa porque ajudava a definir brigas acirradas dentro dos dois grandes partidos dos Estados Unidos para ver quem tentaria chegar à Casa Branca na votação geral de novembro.
Este ano, porém, o evento está esvaziado, porque é praticamente certo que a eleição presidencial será uma revanche entre Joe Biden e Donald Trump.
“[A ‘Super Terça’] nunca teve tão pouca importância. Não lembro de nenhum acontecimento político que tenha recebido tanta atenção sendo tão irrelevante. A decisão já foi tomada. As escolhas estão claras. Todos sabem quem serão os dois indicados”, disse Frank Luntz, ex-consultor do Partido Republicano, em entrevista ao The Guardian.
Na oposição, contando as primárias que já foram realizadas, Donald Trump ostenta uma folgada liderança, somando já 244 delegados eleitorais. Sua única adversária ainda na disputa, Nikki Haley, tem por enquanto apenas 43 delegados.
Para ganhar a candidatura dos republicanos, são necessários 1.215 delegados. Serão 865 votos em disputa na “Super Terça”, ou seja, Trump ainda não será o vencedor mesmo que leve todos os delegados – sua equipe projeta que ele obterá 773 nesta terça-feira.
Porém, mesmo sem conseguir a vitória definitiva, um desempenho arrasador por parte do ex-presidente pode forçar Haley a desistir da corrida e seria uma demonstração de força para a revanche contra Biden daqui a oito meses.
Trump chega com ânimo renovado após uma decisão da Suprema Corte desta segunda-feira (4) que reverteu sua inelegibilidade no Colorado, um dos estados da “Super Terça”.
A jurisprudência, por ser nacional, também abrange o Maine, outro que terá disputa nesta terça-feira, e o Illinois (primárias no dia 19), os outros dois estados em que o ex-presidente havia sido declarado inelegível.
No lado democrata, como é tradição ninguém se opor ao presidente em exercício, Biden também é favorito. O atual presidente por enquanto soma 206 delegados, mas no partido governante, são necessários mais votos para ganhar a nomeação (1.968 delegados no total). Seus adversários dentro da legenda têm por ora apenas dois delegados. Na “Super Terça”, os votos de 1.420 delegados estarão em jogo.
Para Biden, o maior objetivo é mostrar força para novembro. Com pesquisas mostrando Trump à sua frente e 47% da população desaprovando “fortemente” o seu governo, o presidente pode até somar um grande número de delegados nesta terça-feira, mas eventuais votos de protesto podem indicar fraquezas na sua campanha.
Na semana passada, nas primárias do Michigan, Biden venceu, mas 13% dos votantes escolheram a opção “descomprometido” em meio a um boicote devido ao apoio do presidente a Israel na guerra contra o Hamas – o estado tem uma das maiores populações de origem árabe dos Estados Unidos, e seu protesto foi endossado pela população jovem.
Segundo a imprensa americana, um protesto semelhante está sendo planejado no Colorado nesta “Super Terça”.