Ouça este conteúdo
Na mitologia nórdica, o Kraken era um monstro gigantesco que levava terror aos mares, destruindo navios e matando marinheiros.
O nome da criatura mitológica está sendo utilizado para apelidar a nova subvariante ômicron do coronavírus, XBB.1.5, que está se expandindo pelos Estados Unidos e já representa cerca de 40% dos casos de Covid-19 no país, em comparação com 20% na semana passada.
O primeiro especialista a utilizar o apelido Kraken foi o biólogo evolutivo canadense Ryan Gregory. “Alguns de nós [acadêmicos] decidimos que precisávamos de apelidos para variantes que era necessário observar, já que a OMS [Organização Mundial da Saúde] não estava dando nenhum novo nome no seu sistema”, escreveu Gregory no Twitter.
“Temos usado nomes de criaturas mitológicas para variantes que estão sendo discutidas fora das discussões técnicas”, acrescentou.
De acordo com os últimos dados dos Centros de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) do governo americano, a subvariante lidera o número de casos nacionais de Covid-19 e tem ganhado espaço principalmente no nordeste. Em regiões como Nova York, já é responsável por 75% dos casos confirmados.
O CDC adverte que esta subvariante dominante da Covid-19 “pode ser mais transmissível do que outras variantes”, mas ainda não se sabe se gera efeitos “mais graves”.
Os hospitais americanos estão registrando um aumento nas internações no último mês no país, embora a área nordeste, com altos números para essa subvariante, não tenha visto um aumento desproporcional nas internações em comparação com outras regiões.
A subvariante XBB.1.5 está relacionada à variante ômicron XBB, que foi encontrada em pelo menos 35 países com gravidade clínica em Singapura e na Índia, coletando dados da OMS.
A organização alertou que a XBB.1.5 é “a subvariante mais transmissível já detectada”, mas Maria Van Kerkhove, diretora técnica da OMS para Covid-19, afirmou em uma coletiva de imprensa na quarta-feira (4) que por ora não há dados que comprovem que a Kraken provoca quadros mais graves da doença.
O que se sabe é que a XBB.1.5 tem maior capacidade de escapar das defesas do sistema imunológico e de se “ligar” às células do corpo humano, podendo se espalhar mais facilmente.
“Estamos preocupados com sua vantagem de crescimento [no número de casos], em particular em alguns países da Europa e nos Estados Unidos”, disse Van Kerkhove. “Nossa preocupação é quão transmissível ela é... e quanto mais esse vírus circular, mais oportunidades ele terá de mudar.”