| Foto: NIAID
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A Europa aperta as restrições enquanto os pesquisadores tentam entender a mutação que aumenta em 70% a transmissão do novo coronavírus anunciada sábado (19) pelo Reino Unido.

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Após determinação de lockdown em Londres e na região sudoeste da Inglaterra, neste domingo (20), cancelaram voos vindos de solo britânico: Alemanha, França, Irlanda, Itália, Áustria, Holanda, Bélgica, Bulgária, Israel e El Salvador e mais uma dezena de países, inclusive da América do Sul.

Por outro lado, os Estados Unidos não devem proibir viagens, pelo menos por enquanto. O Brasil adotou o mesmo posicionamento, citando que portaria publicada no último dia 17, exigindo a apresentação do teste RT-PCR negativo tanto para brasileiros quanto para estrangeiros, é suficiente para barrar a entrada de infectados vindos do Reino Unido.

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A Holanda, inclusive, já confirmou um caso de N501Y, a mutação genética que acelera o contágio. A variante também já havia sido identificada na Dinamarca e na Austrália, segundo Maria Van Kerkhove, líder técnica da Organização Mundial de Saúde (OMS).

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Mas, afinal, o que os pesquisadores já sabem sobre a nova mutação?

Primeiro, vale ressaltar que mutações em vírus são normais. O que preocupa é o poder de infecção que essas mutações causam. Sábado (19), por exemplo, a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná anunciou uma nova variante do vírus H1N2, que causa gripe e é transmitido por porcos com potencial pandêmico.

No caso da mutação N501Y, a preocupação é de aceleração da transmissão do novo coronavírus. “Estes relatórios sobre a transmissibilidade da nova variante do vírus são mais preocupantes do que eu havia previsto”, afirma Paul Hunter, professor da Escola de Medicina de Norwich da universidade britânica de East Anglia.

A mutação facilita a transmissão porque age sobre a proteína spike, que liga o vírus à célula e dá o formato de coroa ao coronavírus – entre o fim de novembro e a primeira quinzena de dezembro, os casos de Covid-19 aumentaram 50% no Reino Unido impulsionada em parte justamente pela N501Y. Por isso as medidas restritivas como o lockdown em Londres se tornaram essenciais, segundo os pesquisadores.

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Os efeitos da N501Y no Reino Unido

A nova variante do coronavírus foi identificada no sudeste da Inglaterra, de uma amostra coletada ainda em setembro, e desde então tem se espalhado, segundo informou uma autoridade britânica à BBC.

Para Paul Hunter, é questão de tempo para que a mutação se torne dominante no Reino Unido, o que pode se repetir em outros países. “É inevitável que essa nova variante se propague no Reino Unido e podemos esperar um crescimento da taxa de transmissão em todas as regiões do país nas próximas semanas. Suspeito que é apenas questão de tempo para vermos problemas similares em outros países”, aponta Hunter em declaração à agência de notícias científicas SMS.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), poucos casos de Covid-19 causada pela nova variante do vírus foram detectados na Holanda, na Dinamarca e na Austrália.

E qual os efeitos na vacinação?

Mesmo agindo sobre a proteína spike, que também é onde agem as vacinas da Covid-19, até aqui os cientistas acreditam que o coronavírus teria que passar por uma mutação muito mais significativa para que a imunização não tenha efeito. Tanto que os cientistas britânicos enfatizam que a mutação reforça ainda mais a necessidade de vacinação rápida. “Essa situação aumenta a urgência de que todos sejam vacinados o mais rápido possível”, ressalta Daniel Altmann, imunologista do Imperial College de Londres.

Mesmo assim, o alerta está ligado. “Até o momento, não há indicação de que essa nova cepa fique fora dos tratamentos e vacinas. Porém, essa mutação reforça o poder de o vírus se adaptar. E não podemos desconsiderar isso para o futuro”, alerta o pesquisador Jeremy Farrar, diretor do fundo britânico de desenvolvimento científico Welcome à agência de notícias científicas SMC.

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Sobre a intensidade da Covid-19 causada pela mutação N501Y, os médicos ainda não sabem se ela é mais ou menos forte. Os pesquisadores terão de esperar por mais estatísticas para fazer essa avaliação. “Infelizmente, teremos que esperar para ver se as internações e mortes aumentam ou diminuem para descobrir isso”, avalia Simon Clarke, professor associado de microbiologia celular da Universidade de Reading.

No sábado à noite, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que está em contato com as autoridades de saúde do Reino Unido e prometeu atualizar os governos e o público quando mais informações sobre a nova variante do vírus da Covid-19 forem descobertas.

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