Manifestante pró-Brexit em Londres nesta terça-feira (11)| Foto: Chris J. Ratcliffe / Bloomberg

Os britânicos votaram para deixar a União Europeia em junho de 2016. Um ano e meio depois, o país ainda está tentando descobrir como isso realmente funcionará – na verdade, ainda não está claro o que o Brexit realmente significa na prática.

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Então os britânicos se arrependem do Brexit? Ou eles se comprometeram ainda mais com as suas intenções nos meses desde a votação? Eles só querem que isso acabe? A resposta para cada uma dessas perguntas é simples: sim. Grosso modo, a atitude do Reino Unido em relação ao Brexit, ao se preparar para deixar a UE, pode ser dividida em quatro segmentos da sociedade. 

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E quando você olha para esses quatro segmentos da sociedade e o modo como eles costumam se contradizer, você pode ver por que a primeira-ministra britânica Theresa May está tendo dificuldades para encontrar um acordo que agrade a todas as partes da sociedade – e por que um segundo referendo pode ser difícil também. 

Desde os primeiros dias após o referendo, estava presente a ideia de que alguns dos que votaram pelo Brexit agora lamentavam seu voto. Havia histórias sobre uma corrida para o Google pós-Brexit “O que é a União Europeia?” e algumas vozes importantes anti-UE, como o milionário apoiador do Brexit Arron Banks, disseram que voltariam e mudariam o seu voto se pudessem. 

Encontrar evidências desse sentimento chamado de "Bregret" (uma junção das palavras Brexit e regret, arrependimento) nas pesquisas é um pouco complicado, mas alguns afirmam terem feito isso. No referendo original, cerca de 52% votaram a favor da saída da UE, enquanto 48% queriam permanecer. Uma pesquisa divulgada há alguns meses pelos órgãos de pesquisa NatCen e UK in a Changing Europe revelou que 59% dos eleitores agora queriam permanecer no bloco, em comparação com 41% que não queriam. 

Em muitos casos, essa pode não ser uma frustração com a idéia do Brexit em si, mas com a maneira como ele foi realizado pelo governo de May (o arrependimento do próprio Banks também pode ter vindo das investigações sobre o seu papel no referendo). 

Mas também há uma sensação de que, pelo menos a curto prazo, o Brexit piorou a vida das pessoas: uma pesquisa recente da IPSOS / Mori descobriu que 41% do país achava que a votação havia diminuído seu próprio padrão de vida, em comparação com 18% que acharam que melhorou.

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O outro lado da ideia de Bregret são os eleitores que votaram pela saída e que não mudaram de opinião sobre a União Europeia – na verdade, eles confirmaram sua posição ainda mais. Alguns até preferem um Brexit "sem acordo" do que um Brexit suave. 

Nós vamos chamar essas pessoas de fanáticos pelo Brexit. 

Você vê esse tipo de pessoa na mídia britânica com frequência: pessoas como o membro do Parlamento Conservador Jacob Rees Mogg ou o ex-líder do Partido da Independência, Nigel Farage. Os linhas-duras podem ser as pessoas que lideraram protestos contra o acordo de May para deixar a União Europeia, argumentando que ela adotou uma posição muito branda nas negociações com Bruxelas (em uma marcha de "traição do Brexit" neste fim de semana, um manifestante levou uma forca que ele disse que era para a primeira-ministra). 

Apesar da natureza obviamente caótica da política britânica desde o referendo de 2016, parece haver muitos adeptos do Brexit que ainda acreditam que essa foi a escolha certa a longo prazo. As pesquisas da IPSOS / Mori mostram que enquanto 55% do país acham que deixar a UE será ruim para a economia britânica nos próximos cinco anos, apenas 34% dizem o mesmo dos próximos 10 a 20 anos – e 45% dizem que será uma coisa boa. 

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Apesar de o Reino Unido ter votado a favor da saída da UE, ela o fez apenas por uma pequena maioria. Muitos no país sentem-se fortemente ligados à sua identidade como parte da Europa. De fato, desde junho de 2016 houve uma série de marchas anti-Brexit em Londres, algumas atraindo multidões de centenas de milhares de pessoas. 

Segundo referendo

Alguns desses britânicos de tendência Europeia argumentaram que a votação de 2016 foi injustamente influenciada por dinheiro negro ou desinformação russa. Outros agora dizem que querem deixar a Inglaterra, já que não gostam do que ela está se transformando. Mas provavelmente a ideia que detém o maior domínio sobre esta multidão é que deveria haver um segundo referendo sobre o acordo do Reino Unido para deixar a UE. 

A ideia de um "Voto do Povo" no Brexit, agora que mais detalhes do processo são conhecidos, recebeu críticas reais de muitos políticos, que argumentam que isso só agitaria ainda mais as águas já turvas e inevitavelmente levaria a pedidos de um terceiro referendo. 

Mas alguns políticos, como Vince Cable, do partido dos Democratas Liberais, manifestaram apoio. Pesquisas sugerem apoio considerável para tal medida, e algumas pesquisas mostram uma pequena porcentagem em favor de outra votação. 

Para outros britânicos, a reação esmagadora ao Brexit é simples: por favor, podemos acabar logo com isso? 

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Depois de meses e meses de negociações aparentemente intermináveis sobre detalhes complicados como um “backstop” (um recuo) para a fronteira irlandesa (algumas pesquisas mostram que a maioria do país ainda não está certa sobre o que é isso) e sem um claro consenso à vista, essas pessoas acreditam que é melhor apenas puxar o band-aid e continuar com a vida. Por pior que seja o Brexit, eles raciocinam, não pode ser pior do que isso. 

Uma pesquisa realizada pela Deltapoll durante o verão sugeriu que 60% do país concordaram com a declaração: "Eu não me importo como ou quando deixaremos a UE, eu só quero que isso termine". Notadamente, muitos foram a favor de permanecer na UE em 2016. 

Esse tipo de sentimento pode acabar sendo o salvador de May. Na pesquisa mais recente do Ipsos Mori, menos de um quarto dos entrevistados achava que a primeira-ministra britânica conseguiria um bom acordo com a UE. No entanto, metade do país disse que ela não deveria renunciar se o Parlamento rejeitar o acordo – um sinal de que para muitos, o caos político é mais preocupante do que um Brexit ruim.