Competição
EUA investem alto para liderar
Durante décadas, os EUA foram os responsáveis pelo desenvolvimento da maior parte da tecnologia hoje empregada nos gigantescos supercomputadores. Os laboratórios e as universidades norte-americanas também construíram as maiores e mais rápidas máquinas desse tipo. Alguns dos sistemas mais avançados simulam o efeito de armas nucleares, enquanto outros são usados para fazer previsões climáticas e pesquisas energéticas.
Em 2002, os EUA perderam o título de reis da supercomputação pela primeira vez e de maneira surpreendente. Naquele ano, o Japão apresentou uma máquina cuja capacidade de processamento superava a potência combinada dos 20 maiores computadores norte-americanos. O governo de Washington respondeu à altura: incentivou a formação de equipes voltadas para a reconquista do "campeonato" e despejou dinheiro em projetos de supercomputação. Dois anos depois, os EUA recuperaram o status de líderes do setor posição que defenderam até o surgimento da máquina chinesa Tianhe-1A.
Durante o congresso de computação ocorrido na China na última quinta-feira, pesquisadores discutiram como aplicar a nova supermáquina em campos diversos da investigação científica, tais como a astrofísica e a engenharia biomolecular.
Jack Dongarra, da Universidade do Tennessee, conta que um projeto chinês para rivalizar com a Intel e outros gigantes do setor de chips é bastante promissor. "Eles ainda não chegaram lá, mas deverão fazê-lo dentro de um ou dois anos", garante.
Steven Wallach, um renomado engenheiro da computação, minimiza a relevância da conquista chinesa. Para Wallach, só porque um sistema é capaz de processar trilhões de cálculos por segundo não significa que ele seja bom em tarefas mais especializadas.
Os EUA querem agora desenvolver máquinas ainda mais rápidas a partir de componentes exclusivos. O país também deseja fazer com que os programas usados nesses sistemas sejam mais amigáveis para os cientistas. Mas esses objetivos ainda estão a alguns anos de distância. Até lá, a China será a campeã da supercomputação.
Tianjin - Um centro de pesquisas chinês apresentou recentemente o supercomputador mais rápido da história. Com isso, a China supera os Estados Unidos como o país responsável pela fabricação da máquina mais veloz do mundo e ganha o direito de se declarar uma superpotência tecnológica.
O computador em questão, batizado de Tianhe-1A, é 40% mais potente do que o atual campeão de velocidade. O desempenho da nova máquina foi verificado por meio de um teste padrão, que mede a rapidez com que os equipamentos realizam cálculos matemáticos.
O responsável pelo ranking oficial dos supercomputadores, Jack Dongarra, que também é cientista da computação da Universidade do Tennessee, confirma os resultados. Mesmo antes do fechamento da lista semestral das 500 máquinas mais velozes do mundo, marcado para o início da próxima semana, Dongarra afirma que o computador chinês "dá um banho no atual número 1 do mundo". "Só vamos encerrar nosso levantamento no dia 1.º de novembro, mas é improvável que apareça outro sistema mais rápido", diz.
A Universidade Nacional de Tecnologia da Defesa vinculada aos ministérios chineses da Defesa e da Educação revelou a supermáquina, e demostrou sua performance, durante uma conferência em Pequim, na última quinta-feira. A corrida para construir o supercomputador mais veloz do planeta alimenta o orgulho patriótico na China. Esses equipamentos são valorizados pela capacidade de resolver questões estratégicas aos interesses nacionais, em setores que vão da defesa à energia, das finanças à ciência.
A tecnologia da supercomputação também é aplicada no mundo dos negócios: empresas petrolíferas podem usá-la para encontrar novos reservatórios e instituições financeiras empregam a ciência na automação de transações cada vez mais velozes. Além disso, os centros de pesquisa equipados com supercomputadores costumam atrair o mais alto talento científico. A importância dessas máquinas, portanto, ultrapassa a mera velocidade de cálculo.
Ao longo dos últimos dez anos, os chineses subiram algumas posições nos rankings da supercomputação. O Tianhe-1A é o resultado de bilhões de dólares investidos na área e de muito aprimoramento científico. Nesse período, a China deixou de ser uma nação periférica para a ciência da computação e assumiu a condição de superpotência tecnológica. "Assusta saber que o domínio dos EUA na computação de alta performance está em risco. É possível dizer que essa ultrapassagem atinge a base do nosso futuro econômico", acredita o especialista em supercomputação Wu-Chun Feng, que também é professor do Instituto Politécnico da Virgínia.
A união faz a força
Os supercomputadores modernos surgem a partir da combinação de milhares de pequenos servidores, que passam a funcionar como uma única máquina por meio de softwares específicos. Nesse sentido, qualquer organização com algum conhecimento na área e dinheiro em caixa pode comprar componentes relativamente simples e, a partir deles, criar uma máquina veloz.
O sistema chinês segue esse modelo, pois une milhares de chips fabricados por companhias americanas como a Intel e a Nvidia. O ingrediente secreto por trás do Tianhe-1A e, portanto, seu real avanço tecnológico está escondido nas suas interconexões, que foram desenvolvidas pelos pesquisadores da China. De acordo com Dongarra, elas permitem que os dados trafeguem a uma taxa de transmissão estonteante. "Essa tecnologia de rede foi desenvolvida pelos chineses", diz. A interconexão chinesa suporta praticamente o dobro da velocidade das interconexões comuns, como a InfiniBand, bastante usada em supercomputadores.
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