Jerusalém (AFP) — Shimon Peres, um dos fundadores do trabalhismo israelense, trava um último combate pela paz aferrando-se a Ariel Sharon, após mais de meio século no primeiro plano da vida política. Aos 82 anos e em plena forma, apesar da derrota inesperada para o deputado sindicalista Amir Peretz, que lhe arrebatou, no começo de novembro, a chefia do Partido Trabalhista, Peres não pretende jogar a toalha. Digeriu rapidamente o último revés, um dos muitos que marcaram sua impressionante e longa carreira política. Caso Sharon vença as eleições legislativas de 28 de março, Peres poderá ocupar uma pasta importante no novo governo, para promover a paz. Nos últimos dois anos, apoiou seu partido, traumatizado pela pior derrota de sua história nas eleições de 2003, frente ao Likud (direita) de Sharon. Diante da incapacidade de apresentar uma alternativa, preferiu aliar-se ao governo de Sharon, de 77 anos, também último representante de uma geração de dirigentes que estrearam na política com a criação do Estado de Israel, em 1948. A aliança entre os dois permitiu a Sharon retirar soldados e colonos da Faixa de Gaza em setembro passado. No entanto, ao decretar essa medida, enfrentando uma parte do Likud, Peres aprofundou a crise no trabalhismo, cuja maioria dos membros se diz preparada para apoiar um novo partido de centro sob a liderança de Sharon.

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