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Conflito no Oriente Médio

Obama admite rever ofensiva contra Síria

Civis sírios atravessam ilegalmente a fronteira com a Turquia para escapar do conflito entre Bashar Assad e os rebeldes | Molhem Barakat/Reuters
Civis sírios atravessam ilegalmente a fronteira com a Turquia para escapar do conflito entre Bashar Assad e os rebeldes (Foto: Molhem Barakat/Reuters)

O presidente Barack Obama aceitou ontem uma alternativa para a ação militar contra a Síria, caso o regime de Bashar Assad entregue suas armas químicas para a comunidade internacional.

Segundo ele, a hipótese é algo "potencialmente positivo", que poderá significar um "avanço".

É provável que a votação da autorização para um ataque à Síria, prevista para ocorrer hoje no Senado americano, seja adiada.

A declaração veio após uma sequência inesperada de eventos deflagrada pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, durante visita a Londres.

Kerry afirmou que, se Assad entregar suas armas químicas dentro de uma semana à comunidade internacional, os EUA não mais atacarão o país árabe.

A frase saiu em resposta a uma pergunta sobre se haveria alguma possibilidade de os EUA recuarem.

"Claro, ele [Assad] poderia entregar cada uma de todas suas armas químicas para a comunidade internacional na próxima semana. Tudo, sem atraso, e permitir que se faça a contabilidade total", disse o secretário.

Pouco depois, o chanceler russo, Sergei Lavrov, declarou então que a Rússia pediria aos sírios que coloquem seu arsenal sob controle internacional. A afirmação foi dada ao lado do ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, que elogiou a declaração russa.

"A República Árabe Síria recebe bem a iniciativa russa, motivada pelas preocupações com as vidas dos nossos cidadãos e com a segurança do nosso país, e também pela nossa confiança na sabedoria da liderança russa", disse o sírio.

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, pegou carona e declarou que pode pedir, por meio do Conselho de Segurança, que a Síria transfira suas armas químicas para um local onde possa ser guardado e destruído.

Em entrevista à CNN, Obama afirmou que vai estudar a proposta, apesar de demonstrar certo ceticismo.

"É possível que tenhamos um avanço, mas terá de ser acompanhado de perto. Não queremos que seja apenas uma tática que alivie a pressão que eles [o regime Assad] sofrem neste momento", declarou.

Assad conversa com jornalista dos EUA

Agência Estado

Em uma entrevista ao jornalista Charlie Rose, que seria exibida ontem à noite pela PBS, a tevê pública dos EUA, Bashar Assad negou responsabilidade e acusou o governo de Obama de espalhar mentiras sem fornecer um "único fragmento de evidência", e advertiu que ataques aéreos contra sua nação podem levar a retaliação.

Rose é um dos entrevistadores mais respeitados dos EUA e viajou até Damasco para a conversa com o presidente sírio que, nas palavras do americano, "parecia calmo".

"Vocês devem esperar tudo. O governo não é o único agente nesta região. Você tem diferentes partidos, diferentes facções, diferentes ideologias. Você tem tudo nesta decisão agora", disse Assad.

O presidente Barack Obama, por sua vez, deu ontem uma série de entrevistas a redes de tevê dos EUA e, hoje, falará à nação às 22 horas (horário de Brasília).

Os EUA acusam o governo de Assad de estar por trás do ataque com o uso de gás sarin no subúrbio de Damasco em 21 de agosto, matando 1.429 pessoas.

Outras estimativas de mor­­­tes são menores, mas é consenso que armas químicas foram usadas.

Pesquisas divulgadas ontem mostram que a maioria dos norte-americanos não aprova um ataque à Síria. Grande parte dos entrevistados disse que acredita que mesmo ataques limitados poderiam levar a um compromisso militar de longo prazo.

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