Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante anúncio do plano de paz para o país sul-americano| Foto: MANDEL NGAN/AFP

O presidente americano, Barack Obama, anunciou o lançamento de um plano para financiar a paz na Colômbia de US$ 450 milhões, inicialmente, ao receber na quinta-feira (4) seu colega colombiano, Juan Manuel Santos. “Da mesma forma que os Estados Unidos foram um sócio da Colômbia em tempos de paz, seremos seus parceiros na paz”, declarou Obama, ao anunciar o novo plano, denominado “Paz Colômbia”.

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Ao comemorar os 15 anos do Plano Colômbia, Obama elogiou o crescimento da Colômbia: “um país que esteve à beira do colapso agora está à beira da paz”.

A relação entre Washington e Bogotá é uma das “mais fortes do hemisfério” e é “global”, afirmou o presidente americano. “Nos Estados Unidos, somos grandes fãs da Colômbia”, acrescentou, reforçando sua admiração pelos cantores Shakira e Carlos Vives e pela atriz Sofia Vergara.

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Santos agradeceu, por sua vez, pela “mão amiga” de Obama e de Washington, que durante três períodos de cinco anos enviou para Bogotá US$ 10 bilhões em equipamento e treinamento militar.

O governo Santos tem previsto assinar um acordo de paz com os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no fim de março. “Hoje vemos o futuro com esperança”, disse Santos na Casa Branca. “A paz será a cereja do bolo do Plano Colômbia”, acrescentou.

O acordo de paz demandará bilhões de dólares para pagar investigações públicas, programas de retirada de minas e desmobilização, além de indenização às vítimas. O conflito armado de mais de 50 anos deixou 220 mil mortos e seis milhões de deslocados, segundo dados oficiais.

Acordo

O governo de Santos está prestes a assinar um acordo histórico de paz com os guerrilheiros das Farc. A data prevista é 23 de março. “Estamos muito comprometidos com ajudar a Colômbia a implantar a paz, o que será muito importante”, assegurou o diretor para a América Latina do Conselho de Segurança Nacional, Mark Feierstein.

Santos também vai precisar que os Estados Unidos retirem as Farc de sua lista de terroristas e aceitem que alguns de seus membros não sejam extraditados.

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O enviado especial de Washington no processo de paz, Bernard Aronson, disse que, quando a organização guerrilheira “mudar fundamentalmente - abandonar a violência, entregar as armas, não for mais hostil aos americanos e a seus interesses -, essa designação poderá ser revista”.

Plano Colômbia

Em tempos de extrema polarização política em Washington, o “Plano Colômbia” conseguiu contar com o apoio dos partidos Democrata e Republicano. Em 15 anos, o país recebeu 10 bilhões de dólares de fundos americanos, focados principalmente no fortalecimento militar.

Ainda assim, a aprovação de novos recursos no Congresso, dominado pela oposição republicana, não está livre de obstáculos neste ano de eleições presidenciais e de recortes financeiros.

Alguns republicanos advertem que os acordos de paz darão espaço para a impunidade a líderes guerrilheiros acusados de sequestros e narcotráfico.

Crítico das negociações de paz, o diretor para as Américas do Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, pediu à Casa Branca que exija mais garantias do governo colombiano. “Se Obama tiver um compromisso sério com a paz na Colômbia, deve solicitar que Santos garanta uma prestação de contas genuína pelas atrocidades cometidas durante o conflito armado”, disse Vivanco em um comunicado.

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Na quarta-feira, o presidente colombiano implantou uma extensa defesa das negociações em Havana, afirmando que o acordo previsto é “um exemplo para todo o mundo”. “Estamos detendo a fábrica de violações dos direitos humanos que é a guerra”, afirmou o líder em uma conferência no think tank Wilson Center, em Washington.