O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou neste domingo (2) ao estado da Louisiana para acompanhar os trabalhos de contenção da enorme mancha de petróleo que se aproxima da costa sul do país. Ele vai acompanhar os trabalhos de contenção da enorme mancha de petróleo que se aproxima da costa sul do país. Os membros de seu gabinete informaram que a situação era grave, mas insistiram que o governo está fazendo tudo o que pode.
Por causa do mau tempo, Obama evitou viajar de helicóptero e foi de carro até próximo à área onde a British Petroleum e o governo estão tentando conter a mancha de petróleo e evitar que ela cause mais danos. No momento, parece que pouca coisa pode ser feita para que o óleo não se espalhe.
Para o presidente, o vazamento de óleo não é apenas um desastre ecológico, mas um risco político potencial também, porque deve influenciar em como a população vai avaliar a resposta do presidente ao acidente, assim como ocorreu com seu antecessor, G.W. Bush, no caso do furacão Katrina que também atingiu a Louisiana em 2005.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse aos repórteres que acompanham Obama preferiu ter certeza de que "tudo continua sendo feito para tentar conter o desastre ecológico".
O secretário do Interior, Ken Salazar, tentou garantir aos americanos que a British Petroleum, e não os contribuintes, deverá pagar pelo que possivelmente vai se tornar o maior desastre de petróleo do país. "Não pouparemos esforços para garantir que todas as fontes de recursos sejam colocadas para resolver efetivamente o problema", afirmou Salazar.
A conta atingirá duramente os bolsos da BP, mas o mar, animais e pescadores que dependem dele para viver devem pagar um custo ainda maior. Neste domingo, as autoridades dos EUA suspenderam toda a pesca nas águas federais afetadas pela mancha. A Louisiana é uma das maiores fontes da indústria pesqueira do país, além de abrigar centenas de espécies de animais selvagens.
A Louisiana foi o primeiro estado norte-americano a ser atingido pela mancha, provocada por um vazamento depois que uma plataforma de perfuração de petróleo explodiu e afundou no mar, no último dia 20 de abril, deixando 11 mortos. Flórida, Mississippi e Alabama também estão ameaçados e já declararam estado de emergência.
Críticas
O seu governo procura desviar críticas segundo as quais poderia ter reagido mais rapidamente a um enorme vazamento de petróleo que ameaça se transformar em catástrofe econômica e ambiental.
Os esforços para conter o vazamento e proteger o litoral continuaram no sábado, mas foram limitados pelas ondas altas causadas por ventos fortes, disseram autoridades.
As autoridades norte-americanas reconheceram no sábado que é "inevitável" que o óleo do vazamento descontrolado no Golfo do México chegue ao litoral dos EUA, provavelmente começando pelo Estado da Louisiana.
Membros do gabinete de Obama, incluindo os secretários de Segurança Interna e do Interior, iriam aparecer em jornais televisivos na manhã de domingo para comentar a reação do governo ao desastre.
Os assessores de Obama disseram no sábado que o presidente está "totalmente engajado" desde o começo com o monitoramento do problema crescente.
"Há óleo suficiente lá fora para que seja lógico pensar que vai atingir o litoral. É apenas uma questão de onde e quando", disse o oficial da Guarda Costeira americana Thad Allen. "É a Mãe Natureza quem vota neste tipo de coisa."
O litoral da Louisiana à Flórida está ameaçado pela mancha de óleo, que se estima esteja cobrindo uma área de 208 por 112 quilômetros e que ainda está aumentando. Muitas das comunidades que estão no caminho da mancha são as mesmas que foram devastadas pelo furacão Katrina em 2005.
O petróleo que jorra descontrolado da explosão na plataforma de perfuração Deepwater Horizon e de um poço rompido a cerca de 68 quilômetros da costa do Louisiana foi empurrado para o norte, em direção à costa, por ventos fortes, mas que mudam de direção.
Mancha avança
No sábado, a extremidade avançada da mancha envolveu a pequena comunidade pesqueira de Venice, a 121 quilômetros a sudeste de Nova Orleans. Autoridades dizem que dentro de três ou quatro dias as costas do Mississippi e Alabama podem estar em risco.
Importantes rotas de transporte marítimo, áreas pesqueiras, refúgios nacionais de fauna silvestre e praias populares estão no caminho da sopa de petróleo. Até agora os corredores marítimos vitais que levam ao rio Mississippi e aos enormes portos da Costa do Golfo não foram afetados, disseram autoridades.
A região litorânea do Golfo do México e suas áreas pantanosas abrigam centenas de espécies de fauna silvestre, incluindo peixes-bois, tartarugas marinhas, golfinhos, toninhas, baleias, lontras, pelicanos e outras aves.
O Golfo é também uma das áreas pesqueiras mais férteis do mundo, repleta de camarões, ostras, mexilhões, caranguejos e peixes. Sua indústria pesqueira movimenta 1,8 bilhão de dólares e perde apenas para a do Alasca.
Pior vazamento de óleo da história dos EUA
O incidente pode acabar rivalizando com o desastre do Exxon Valdez no Alasca em 1989, o pior vazamento de óleo da história dos Estados Unidos.
O derramamento de óleo proveniente da plataforma da companhia britânica British Petroleum (BP), que explodiu no Golfo do México, pode ser pior que o vazamento do navio Exxon Valdez no Alasca em 1989, afirmou o secretário do Interior dos Estados Unidos, Ken Salazar, à rede CNN. "O pior cenário que nós poderíamos ter é o de um vazamento de 100 mil barris de óleo ou mais", alertou Salazar.
A BP e o governo norte-americano mantiveram na semana passada as suas estimativas de que estejam vazando 5.000 barris de óleo por dia em águas bem profundas do Golfo do México. Mas a secretária de Segurança Interna dos EUA, Janet Napolitano, disse à ABC News que a taxa de vazamento poderia ser muito maior. "Agora ela poderia estar na casa das dezenas de milhares de litros por dia, de barris por dia", acrescentou a secretária.
O almirante da Guarda Costeira, Thad Allen, disse que seu maior medo é que poderão vazar 100 mil barris por dia, se o poço quebrar. Técnicos dizem que a tubulação do poço parece ser ondulada, reduzindo a taxa potencial de vazamento.
Especialistas do setor disseram, na sexta-feira, com base em imagens de satélite e índices de medição, que estejam vazando entre 20 mil barris e 25 mil barris de óleo por dia. Se essas taxas forem precisas, o vazamento já poderia rivalizar com os 41 6 milhões de litros derramados pelo navio Exxon Valdez, que devastou econômica e ambientalmente parte do Alasca.
Allen disse que três fendas já foram encontrados no poço da BP. Questionado se a taxa de 25 mil barris por dia era precisa, o presidente da BP America, Lamar McKay, afirmou à ABC que as suas próprias estimativas eram "muito, muito incertas."
O executivo defendeu, neste domingo, o registro de segurança da BP e disse que "um defeito em uma peça do equipamento" foi a causa do maciço vazamento de óleo no Golfo do México, para onde o presidente dos EUA, Barack Obama, se dirigiu neste domingo a fim de ter um relatório atualizado em primeira mão sobre a situação. O óleo está se espalhando em direção à costa norte-americana.
McKay disse à ABC que não poderia dizer quando o poço poderá ser fechado. Mas ele afirmou que uma tampa poderá ser colocada sobre o poço em seis ou oito dias.
As equipes têm tido pouco sucesso em conter o fluxo do óleo ao largo da costa da Louisiana ou removê-lo da superfície da água, queimá-lo ou dispersá-lo com produtos químicos. Especialistas alertaram que o vazamento descontrolado poderia criar um cenário de pesadelo se a atual corrente do Golfo transportar o óleo em direção ao Atlântico.
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