Nova Iorque - Marcar presença no horário nobre da tevê norte-americana: esta é a estratégia de Barack Obama para os dias que antecedem a eleição presidencial na terça-feira. O esforço concentrado começou ontem, com um anúncio de 30 minutos em três grandes redes de tevê: a CBS, a NBC e a Fox News, com retransmissão pela tevê hispânica Univision e alguns canais a cabo, tematizando a crise econômica norte-americana.
O valor total pago não foi divulgado, mas estima-se que tenha ficado entre US$ 3 milhões (R$ 6,5 milhões) e US$ 5 milhões (R$ 10,8 milhões).
Das grandes redes, apenas a ABC e a CNN ficaram de fora: a primeira queria veicular o anúncio em outro dia e a segunda recusou a oferta de US$ 1 milhão, quantia paga a cada emissora que aceitou vender 30 minutos de seu horário nobre. No mesmo horário, a ABC veiculou um episódio da série "Pushing Daisies" e a CNN convidou John McCain para uma entrevista ao programa "Larry King Live".
"Queremos ter certeza de que todos os que comparecerem para votar vão ter informações sobre o programa econômico de Obama, e sua presença no horário nobre da tevê norte-americana, especialmente num dia de final de campeonato, foi a melhor forma de assegurar isto", avaliou Bill Burton, assessor da campanha democrata.
O dia 29 foi escolhido por seu simbolismo: em 29 de outubro de 1929 houve o crack da Bolsa de Valores de Nova Iorque, que marcou o começo da Grande Depressão, que foi até 1934, quando os EUA tiveram o maior nível de desemprego de sua história. O intervalo comercial de Obama foi ao ar antes da transmissão da final do campeonato de beisebol, entre Philadelphia Phillies, da Pensilvânia, e Tampa Bay Rays, da Flórida. Chegou a se comentar que a propaganda provocaria um atraso de 15 minutos na transmissão do jogo. Mas apesar das brincadeiras de McCain de que, se for eleito presidente, jamais irá provocar o adiamento de um jogo da final, a Fox não adiou o início da partida. A emissora afirmou que apenas cortou os comentários iniciais antes do início do jogo.
O programa trouxe depoimentos de norte-americanos comentando dificuldades do dia-a-dia, tendo em seguida Obama para comentar como seu programa econômico poderia ajudá-los. E além das imagens gravadas, também foi feita uma inserção ao vivo, a partir do comício na Flórida, onde pela primeira vez o candidato dividiu o palco com o ex-presidente Bill Clinton.
"Vamos consertar o país e mudar o mundo", disse Obama no início do anúncio, acrescentando que tirará os EUA da crise econômica.
A iniciativa de Obama tem precedente na campanha do bilionário Ross Perrot como candidato independente em 1992, concorrendo com Clinton e George H. Bush. Mas no caso de Obama, o intervalo de 30 minutos é também o fim de um gigantesco investimento de anúncios de tevê e rádio, que desde o início de setembro tiveram em média o triplo de inserções de seu adversário republicano.
A campanha republicana também lançou um anúncio para ser veiculado nos intervalos comerciais após o anúncio democrata, criticando Obama por "transformar a crise econômica numa oportunidade para um especial de tevê". O anúncio ironizou Obama como uma "celebridade" e alertou os eleitores de que, "por trás do discurso bonito e das grandes promessas" está o aumentar impostos, mais gasto público e a depressão econômica.
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