Pequim - O presidente americano, Barack Obama, criticou a censura contra a internet na China em encontro ontem à tarde com 200 universitários em Xangai.
No único evento aberto em sua visita de três dias, a primeira à China, ele disse não temer a ascensão do país asiático. "A China é bem-vinda como um membro forte e próspero na comunidade das nações, disse. "Estados e China não precisam ser adversários", acrescentou.
O governo dos EUA queria mil estudantes na plateia e transmissão ao vivo para todo o país. Os membros da audiência mais enxuta foram escolhidos pelas autoridades chinesas, e as perguntas evitaram temas polêmicos.
Vários jovens presentes, de terno e gravata, são membros da Liga da Juventude Comunista, braço do partido.
O encontro foi transmitido apenas em Xangai, por um canal de televisão local, além do site da Casa Branca. Nele, Obama disse que "o fluxo livre de informação fortalece a sociedade e que "quanto mais ideias houver, mais dinâmica fica a sociedade, é uma fonte de força que deve ser encorajada.
"Defendo a abertura e sou contra a censura, o que é uma tradição nos EUA, disse. A declaração ficou poucos minutos nos portais chineses, até ser substituída por declarações mais amenas. Centenas de blogs e sites como Facebook, Twitter e Youtube são bloqueados no país.
Apesar de apresentado como uma tentativa de Obama de chegar à opinião pública chinesa, o evento frustrou quem esperava um debate franco sobre a relação bilateral.
Na maior parte do tempo, os dois lados foram vagos. Estudantes perguntaram se ele levaria a família à Exposição Universal de Xangai, que acontece no ano que vem e o que ele estudou para se tornar um premiado com o Nobel da Paz.
Ao abordar os direitos humanos, Obama falou de opressão feminina e respeito à infância, temas que passam ao largo das denúncias concretas de repressão contra budistas no Tibete e muçulmanos em Xinjiang e contra dissidentes políticos em todo o país. Dezenas de ativistas e religiosos estão em prisão domiciliar durante a visita do líder americano para evitar protestos.
100 mil estudantes
Obama também anunciou que os EUA aumentarão para 100 mil o número de estudantes norte-americanos na China para aprender o idioma e a cultura.
"Os jovens são nossos melhores embaixadores, afirmou ele, sem dizer se patrocinará um novo programa de bolsas. Atualmente, são 20 mil norte-americanos estudando no país.
À tarde, ele voou para Pequim, onde jantou com o presidente chinês, Hu Jintao. Hoje, Obama se encontra novamente com Hu e com o primeiro-ministro Wen Jiabao e deve dis cutir o desequilíbrio econômico entre as duas nações, sanções aos programas nucleares de Coreia do Norte e Irã aliados chineses e o combate ao aquecimento global.
A China é o maior credor dos Estados Unidos, com US$ 1,4 trilhão em moeda e títulos do Tesouro americano.
O comércio bilateral entre os dois países supera os US$ 400 bilhões por ano a China tem superávit de US$ 275 bilhões com os americanos.