O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criticou duramente nesta segunda-feira (2) os planos chineses de implantar novas regras para as companhias de tecnologia norte-americanas e pediu a Pequim que modifique sua posição caso queira continuar a fazer negócios com o país, afirmando ainda que tocou no assunto com o presidente chinês, Xi Jinping.
Obama disse estar preocupado com os planos de Pequim de implantar uma ampla lei antiterrorismo que exigiria que as empresas de tecnologia entregassem os códigos de criptografia que ajudam a proteger dados e instalassem em seus sistemas vias de acesso para o governo chinês.
“Isso é algo sobre o qual levantei diretamente com o presidente Xi”, disse Obama. “Deixamos bastante claro para eles que isso é algo que eles vão ter que mudar se forem fazer negócios com os Estados Unidos.”
O governo chinês entende que as regras são cruciais para proteger o Estado e assuntos secretos.
As companhias ocidentais dizem que as regras agravam as condições cada vez mais onerosas para se fazer negócio com a segunda maior economia do mundo e ressaltam o grau de desconfiança entre Washington e Pequim sobre o tema da segurança cibernética.
Um organismo parlamentar chinês leu uma segunda versão da primeira lei antiterrorista do país na semana passada e a expectativa é de que a legislação seja aprovada nas próximas semanas ou meses.
O projeto inicial, publicado pelo Congresso Nacional do Povo no ano passado, exigia que as companhias também mantivessem servidores e dados de usuários dentro da China, fornecendo às autoridades legais os registros de comunicação e censurando conteúdos relacionados ao terrorismo na Internet.
As leis "iriam essencialmente forçar todas as empresas estrangeiras, incluindo companhias norte-americanas, a entregar ao governo chinês mecanismos para que eles possam espionar e seguir os passos de todos os usuários desses serviços", disse Obama.
"Como você deve imaginar, as companhias de tecnologia não vão estar dispostas a fazer isso", acrescentou ele.
A amplitude das regras vai muito além do que uma série de regulações da indústria financeira recentemente adotada, segundo a qual os bancos chineses são obrigados a comprar de fornecedores locais de tecnologia.
Obama disse que as regras podem também prejudicar a própria China.
"Esses tipos de práticas restritivas, acho que iriam ironicamente prejudicar a economia chinesa no longo prazo, porque acho que não há nenhuma empresa norte-americana ou europeia, nenhuma empresa internacional, que possa sair ilesa da entrega ampla de dados, dados pessoais, a um governo", disse ele.
Uma autoridade norte-americana disse à Reuters na semana passada que o governo de Obama havia expressado à China suas preocupações com o projeto de lei antiterrorismo.
Embora as providências chinesas de combate ao terrorismo se apliquem tanto a tecnologias nacionais como estrangeiras, autoridades em Washington e empresas de tecnologia ocidentais argumentam que a lei, combinada a novas regras bancárias e a um aumento nas investigações antitruste, resultam numa injusta pressão regulatória com alvo em empresas estrangeiras.
Pequim argumenta precisar incrementar rapidamente a rigidez de suas medidas de segurança cibernética após as revelações do ex-prestador de serviço da Agência de Segurança Nacional norte-americana Edward Snowden sobre as sofisticadas técnicas de espionagem dos EUA.
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