Assentamentos
Ceticismo marca visita do presidente dos EUA à Cisjordânia
Agência O Globo
O ceticismo palestino ficou claro ontem durante a entrevista coletiva do presidente dos EUA, Barack Obama, e do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas. O líder palestino parece ter sido pego de surpresa pela afirmação de Obama que, apesar de contraproducente para o processo de paz, a contínua construção de assentamentos na Cisjordânia não pode servir de "desculpa" para os palestinos não negociarem com Israel.
"Lembramos que o Conselho de Segurança (da ONU), aprovou mais de 13 resoluções não apenas condenado os assentamentos, mas demandando seu fim e remoção, porque são ilegais", reagiu o presidente da ANP.
Para os palestinos, a mudança de posição de Obama é visível: esperava-se em Ramallah que Washington voltasse a pressionar Israel por um congelamento na construção e expansão de assentamentos, como o que aconteceu depois que Obama foi empossado para seu primeiro mandato, em 2009.
Hoje, cerca de 350 mil colonos moram em 121 assentamentos autorizados, além de outras 102 colônias construídas ilegalmente na Cisjordânia.
"Os israelenses dizem que essa terra está em disputa e que temos que negociar. Mas não há disputa. Essa terra é nossa e está ocupada por colonos", diz, sem hesitar, Daoud Zatari, prefeito da cidade palestina de Hebron, sul da Cisjordânia.
No segundo dia de viagem pelo Oriente Médio, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, encontrou o chefe da Autoridade Palestina e do movimento Fatah, Mahmoud Abbas. Em discurso ao lado do líder, Obama voltou a defender uma solução de dois Estados para o impasse com Israel, sem oferecer sugestões para as questões de fronteira. Ele reafirmou uma posição contra o avanço de assentamentos na região, mas fez uma pequena crítica, dizendo que as ocupações não deveriam impedir o diálogo de paz.
"Os palestinos merecem o fim das ocupações (de israelenses). Eles merecem um Estado para eles", disse Obama. "Nós não devemos desistir da luta pela paz. Há muita coisa em jogo. Eu conversei com o presidente Abbas, o escutei falar sobre os obstáculos, incluindo o avanço dos assentamentos. Eu sei que os palestinos estão frustrados", acrescentou.
O fim do avanço dos assentamentos e a destruição de alguns é a exigência de Abbas para dar continuidade às negociações com o governo de Benjamin Netanyahu. Como as ocupações não param, as conversações foram travadas, e as tensões, principalmente com o Hamas, aumentam a cada dia. No entanto, de acordo com documentos obtidos pelo jornal The New York Times, o líder palestino estaria cogitando a possibilidade de abrir mão de tais exigências para que o diálogo possa ser reassumido.
No pronunciamento, Obama disse que conversou com o primeiro-ministro israelense sobre a questão das ocupações, alertando o aliado de que "a prática dos assentamentos não é construtiva e nem apropriada", pois não está de acordo com a solução de dois Estados.
Recepção fria
Ao chegar à cidade de Ramallah, o democrata foi recebido pelo líder palestino, em boas-vindas formais e mais frias do que na chegada de Obama em Israel, na quarta-feira. Na Cisjordânia, Obama enfrenta a fase mais dura de sua viagem, em meio ao pessimismo popular que acompanha a viagem. Enquanto isso, ao menos dois foguetes de militantes do Hamas, na Faixa de Gaza, atingiram o sul de Israel, aumentando as tensões.
As expectativas de especialistas com a visita do presidente norte-americano à Cisjordânia são poucas. Ele iniciou a viagem sem um plano formado tentar incentivar um avanço nas negociações de paz e não deu ênfase à questão em seus discursos do primeiro dia da viagem.
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