Washington - O presidente Barack Obama rejeitou ontem os planos de seu antecessor George W. Bush de instalar um escudo antimísseis na Polônia e na República Tcheca. Em vez disso, o governo norte-americano vai usar um novo sistema de defesa flexível, destinado a interceptar mísseis de curto e médio alcance do Irã.
A decisão é a maior mudança de rumo na política de defesa dos EUA desde que Obama tomou posse, em janeiro. O plano anterior previa a instalação de um sofisticado sistema de radares na República Tcheca e dez interceptadores na Polônia.
A Rússia era grande opositora desse plano. Moscou afirmava que o radar poderia ser usado para vigiar grande parte de seu território e alegava que os interceptadores eram uma ameaça à sua segurança nacional, já que estariam dentro de sua "esfera de influência".
Já a Polônia e a República Tcheca fizeram do sistema antimísseis bandeiras nacionais, e viam a presença militar americana como potencial proteção contra um possível expansionismo russo.
O novo sistema usará mísseis SM-3, menores, posicionados em navios, de onde podem ser disparados para deter mísseis vindos do Irã. Posteriormente, os SM-3 ficarão em terra, em países da Europa provavelmente no sul ou na Turquia, mas pode até ser na Polônia.
Além disso, os EUA não mais instalarão o radar avançado na República Tcheca, grande preocupação da Rússia, mas sim um radar unidirecional no Cáucaso, voltado para o Irã.
"O presidente Bush estava certo ao determinar que o programa de mísseis balísticos do Irã constitui uma ameaça significativa", disse Obama na Casa Branca. Mas, segundo Obama, novos relatórios de inteligência mostraram que a principal ameaça agora vem de mísseis de curto e médio alcance do Irã, e não de longo. E por isso o plano do escudo precisou ser reavaliado.
Integrantes do governo tentaram assegurar que não se trata de abandonar o plano de defesa antimísseis na Europa. "Quem diz que nós estamos descartando o sistema antimísseis na Europa está mal informado ou distorcendo a realidade", disse o secretário de Defesa, Robert Gates.
A Casa Branca também enviou oficiais à Varsóvia e Praga para explicar a decisão e acalmar as coisas. A data do anúncio foi infeliz coincide o 70.º aniversário da invasão da Polônia pela Alemanha nazista.