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Após suspender julgamentos de Guantánamo, Obama assinou ontem decreto que pede o fechamento da prisão num período máximo de até um ano, tempo em que deve decidir o futuro dos presos | Saul Loeb/AFP
Após suspender julgamentos de Guantánamo, Obama assinou ontem decreto que pede o fechamento da prisão num período máximo de até um ano, tempo em que deve decidir o futuro dos presos| Foto: Saul Loeb/AFP

Pentágono analisa plano de retirada do Iraque

O plano do presidente americano, Barack Obama, para uma rápida saída do Iraque em 16 meses é uma das opções que estão sendo estudadas pelo Pentágono para o fim do conflito no país árabe, afirmou o secretário da Defesa Robert Gates ontem. Em entrevista coletiva, Gates disse ainda que várias opções estão sendo analisadas e a promessa de campanha de Obama é uma delas.

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  • Veja quais foram as mudanças tomadas por Obama

Washington - Dando continuidade a sua política de reverter as medidas de exceção da era Bush, o presidente Barack Obama confirmou o fechamento da prisão da base naval de Guantánamo, em Cuba, e assinou outras duas ordens que na prática proíbem a tortura em interrogatórios de suspeitos de terrorismo e eliminam as prisões secretas mantidas pela CIA, a agência de inteligência dos EUA.

Ontem, o novo ocupante da Casa Branca assinou três ordens executivas e expediu um memorando que ao menos no papel desmantelam a rede montada por seu antecessor, George W. Bush, no tratamento de suspeitos e prisioneiros do que chamou de "guerra ao terror’’. O de maior efeito dá um ano para fechamento do centro criado após o 11 de Setembro.

Fica cancelado também o programa da CIA de manter suspeitos de terrorismo presos por meses ou anos em locações secretas espalhadas pelo mundo e a prática de "métodos coercitivos de interrogatório’’, um eufemismo bushista para ações de tortura como a afogamento simulado.

A começar por ontem, a agência de inteligência terá de seguir as 19 regras de interrogatório constantes do Manual de Campo do Exército, que por sua vez seguem as leis internacionais. Os três programas eram o pôster a alimentar o sentimento antiamericano no mundo durante os oito anos do mandato de Bush e seu vice-presidente, Dick Cheney.

"Eu posso dizer sem hesitação ou equívoco que os Estados Unidos não vão torturar’’, afirmou Obama numa cerimônia no Departamento de Estado, hoje à tarde. A frase "Os EUA não torturam’’ era o mantra de Bush e seus assessores nos últimos meses. A mudança do tempo verbal pelo sucessor democrata não foi acidental.

"Os EUA pretendem continuar a atual luta contra a violência e o terrorismo’’, havia dito o presidente antes. "E vamos fazer isso de maneira vigilante, efetiva e coerente com nossos valores e ideais. Pretendemos vencer essa luta, mas vamos vencer em nossos termos.’’

Consequências

Se as ações de ontem têm um efeito positivo inegável na opinião pública mundial, criam vários problemas domésticos para seu autor. O primeiro é o que fazer com os 245 detentos hoje sob guarda de Guantánamo, entre eles cinco acusados de planejar o ataque de 11 de Setembro. Em sua ordem, Obama determina que, se em um ano eles não tiverem saído de Guantánamo, serão soltos.

Muitos estão lá há anos sem ter sido acusados formalmente. Outros já tiveram sua soltura autorizada, mas não podem voltar a seus países de origem, onde correm risco de morte – 21 passam por julgamento, por comitês de exceção.

Mesmo os que estão sendo julgados nessa instância podem ter seus casos anulados, se for comprovado que evidências contra eles foram obtidas de forma ilegal – como resultado de tortura, por exemplo. Na ordem, Obama exige que todos os processos sejam revisados.

O outro problema é que, ao desmontar o arcabouço de exceção de Bush, Obama abre mão do que defensores das práticas classificam de instrumentos valiosos na luta contra o terrorismo. Escrevendo no Washington Post’, Marc Thiessen, autor de discursos de Bush, advertiu: "O que ele vai fazer quando o próximo líder sênior da Al Qaeda for capturado e se recusar a falar?’’

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