O senador democrata norte-americano Barack Obama deverá aceitar na noite desta quinta-feira (28) sua histórica nomeação e tornar-se o primeiro candidato negro à presidência dos Estados Unidos por um grande partido. Obama deverá discursar para 75 mil pessoas em um estádio de futebol em Denver e ressaltar na fala a urgência de mudanças em um país onde, há exatamente 45 anos, o líder dos direitos civis Martin Luther King instigou os americanos a lutarem por seu sonho de igualdade. Obama deverá incluir sua história pessoal no seu discurso de aceitação da candidatura.
Mas o nomeado - filho de um pai africano do Quênia e de uma mãe branca americana - também deverá falar sobre os vários desafios que hoje confrontam os Estados Unidos, da falta de um sistema público universal de saúde às ameaças internacionais, disse o gerente de campanha David Plouffe à emissora de televisão ABC.
A aceitação de Obama ocorre no mesmo dia do famoso discurso do reverendo Martin Luther King, "Eu tenho um sonho", proferido pelo líder dos direitos civis dos negros americanos em 28 de agosto de 1963. O discurso de Luther King falava sobre a frustração e a pobreza dos negros, em um tempo no qual os afro-americanos, em muitos estados sulistas dos EUA, não tinham o direito ao voto, mais de 90 anos após o governo federal americano ter garantido por lei esse direito.
Devido à sofrida e conflituosa história racial dos Estados Unidos - Obama tinha apenas dois anos quando King fez seu famoso discurso -, a nomeação de Obama como candidato à presidência para as eleições de 4 de novembro é uma aposta dos democratas, que tentarão afastar os republicanos e seu candidato John McCain que completará amanhã 72 anos, do centro do poder.
King III
"Este é um momento monumental na história do nosso país," disse o filho mais velho de King, Martin Luther King III, à Associated Press na quarta-feira. "E teremos um momento ainda maior em novembro, se ele for eleito," disse Luther King III, referindo-se ao candidato democrata. O desafio é grande para Obama, um político relativamente desconhecido e novo no palco nacional, que ainda cumpre seu primeiro mandato no Senado.
"O discurso do senador Obama nesta noite será uma conversação muito direta com o povo americano sobre a escolha que teremos que fazer nesta eleição, sobre o risco de ficarmos no mesmo caminho, o risco de termos mais do mesmo, ou de escolhermos pela mudança que nós precisamos", disse a porta-voz de Obama, Anita Dunn.
McCain fez críticas mais leves nesta quinta-feira antes do discurso de Obama. Ele disse à rádio KDKA de Pittsburgh que admira e respeita o candidato democrata, mas "eu não penso que ele é o certo para a América." O ex vice-presidente Al Gore também deverá discursar nesta quinta-feira no fechamento da convenção democrata. O fechamento, em um estádio de futebol, terá apresentações dos cantores Sheryl Crow, Stevie Wonder e will.i.am, enquanto Jennifer Hudson cantará o hino nacional dos EUA.